
Quem passou pela orla de Praia Grande no início da manhã da última quarta-feira (3) se deparou com uma cena inesperada: o mar recuado, revelando uma faixa extensa de areia onde, normalmente, as ondas quebram. O fenômeno ocorreu no bairro Vila Tupi e surpreendeu quem estava por ali, como o pescador aposentado que vive na região desde os anos 1960.
A cena, embora já tenha se repetido nos últimos meses em outras cidades do litoral paulista, ainda causa preocupação entre os frequentadores da praia. Segundo relatos, o mar começou a recuar logo no amanhecer e, por volta das 10h50, ainda era possível notar uma grande diferença no nível da água, embora menor do que nas primeiras horas do dia.
O que explica o fenômeno do recuo do mar?
A variação no nível do mar, que resulta nesse tipo de cenário, tem uma explicação científica. O fenômeno está diretamente ligado à posição da Lua em relação à Terra. Durante as fases de Lua Cheia e Lua Nova, o campo gravitacional do satélite natural se alinha ao da Terra, gerando o que se conhece como maré de sizígia, ou seja, uma maré mais intensa.
Segundo a oceanógrafa e mestre em Ecologia Letícia Schabiuk, esse alinhamento intensifica a força das marés: “Quando a Lua está Minguante, esse alinhamento do campo gravitacional fica oposto ao da Terra, então as forças não se somam. Mas quando estão alinhados, as forças se somam, por isso a maré é mais intensa.”
A especialista também explica que a amplitude do movimento da maré, ou seja, o quanto o mar sobe ou desce, varia de acordo com a localização geográfica. Próximo à linha do Equador, como no Maranhão ou Amapá, essas variações podem ser extremamente grandes. Já na região Sudeste, onde está Praia Grande, a média de amplitude costuma ficar em torno de dois metros.
Episódios anteriores aumentam a preocupação
Esse não foi um caso isolado. Em 22 de julho, um vídeo publicado nas redes sociais mostrou uma situação semelhante em outro trecho da orla da cidade. O registro gerou diversas reações entre internautas, desde curiosidade até temores de que o mar pudesse “voltar com força”.
Pouco antes disso, em 11 de julho, foi a vez da praia de São Vicente apresentar o mesmo comportamento, também repercutindo entre os moradores e turistas.
Apesar da aparência dramática, especialistas alertam que o fenômeno não está, necessariamente, relacionado a tsunamis ou eventos extremos. No entanto, é preciso manter atenção, sobretudo em casos de recuos repentinos e com grande extensão.
Enquanto a distância entre o mar e a areia seca diminui gradualmente, o cenário continua a despertar dúvidas e apreensão. O importante, segundo os especialistas, é observar os ciclos da natureza e compreender que esses movimentos fazem parte de uma dinâmica que, embora intrigante, tem explicações bem fundamentadas.
Referências da notícia
A Tribuna. Mar recua em Praia Grande outra vez e dá susto na população no litoral de São Paulo. 3 de setembro, 2025.
