Sem se pronunciar sobre as ameaças de processo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), contra a emissora pública britânica, Starmer disse que apoia uma BBC independente e que a defesa da imparcialidade é “mais forte do que nunca” na era da desinformação. “A ‘BBC’ deve manter os mais altos padrões de responsabilidade e corrigir os erros rapidamente”, declarou o premiê.
Na 2ª feira (10.nov), advogados de Trump enviaram uma carta à BBC pedindo uma “retratação completa e justa” da emissora por exibir um documentário com declarações editadas e fora de contexto do republicano em 2021. A equipe de Trump deu prazo até 6ª feira (14.nov) para a BBC e ameaçou abrir um processo de US$ 1 bilhão contra a emissora.
A carta de Trump traz 3 exigências à BBC:
- “retratar imediatamente o documentário de forma completa e justa, bem como todas as outras declarações falsas, difamatórias, depreciativas, enganosas e inflamatórias sobre o presidente Trump, de maneira tão visível quanto a publicação original”;
- “retratar imediatamente o documentário e quaisquer outras declarações falsas, difamatórias, depreciativas, enganosas e inflamatórias sobre o presidente Trump”;
- “compensar adequadamente o presidente Trump pelos danos causados”.
ENTENDA A ACUSAÇÃO
O ex-conselheiro externo da emissora pública britânica BBC Michael Prescott apresentou um documento no qual afirma que a emissora editou um discurso de Trump, feito em 6 de janeiro de 2021, mesma data da invasão ao Capitólio, para sugerir que ele incentivou o ataque ao Congresso norte-americano.
O caso foi reportado pelo jornal britânico Daily Telegraph em 3 de novembro. O episódio envolve a edição do programa Panorama, chamada “Trump: Uma 2ª Chance?”. Foi exibido em outubro de 2024, uma semana antes das eleições nos EUA. O republicano disputou o pleito contra Kamala Harris (Partido Democrata), depois de Joe Biden (Partido Democrata) ter desistido da candidatura. O documento enviado à BBC por seu ex-conselheiro não teve o conteúdo completo divulgado.
Prescott, que foi conselheiro independente do comitê de diretrizes e padrões editoriais da BBC até meados de 2025, afirma que as declarações foram retiradas de partes do discurso com quase uma hora de diferença entre si. Também declara que a edição omitiu um trecho no qual Trump pedia que seus apoiadores “pacificamente e patrioticamente fizessem suas vozes serem ouvidas”.
Segundo ele, o programa fez Trump “dizer coisas que nunca disse” ao juntar as filmagens de maneira seletiva. O documento também mostra que imagens de manifestantes aparentemente inspirados por Trump foram captadas antes de o discurso ter sido realizado.
No dossiê enviado ao conselho da BBC, Prescott disse estar em “desespero com a inação da diretoria da ‘BBC’” frente à gravidade do problema.
“Foi completamente enganoso editar o trecho da maneira como o ‘Panorama’ o transmitiu. O fato de [Trump] não ter explicitamente exortado os apoiadores a descer e lutar no Capitólio foi uma das razões pelas quais não houve acusações federais por incitação a tumulto”, declarou.
A BBC comentou o caso ao Guardian: “Embora não comentemos documentos vazados, quando a ‘BBC’ recebe feedback, leva-o a sério e o considera cuidadosamente. Michael Prescott é um ex-consultor de um comitê do conselho onde diferentes pontos de vista e opiniões sobre nossa cobertura são rotineiramente discutidos e debatidos”.
Eis um vídeo que apresenta as diferenças entre as falas:
🚨 BREAKING: The BBC was just exposed for DOCTORING President Trump’s Jan 6 speech to make it seem he ENDORSED rioting, per whistleblower
“We’re gonna walk to the Capitol”
DOCTORED: “And FIGHT LIKE HELL!”
ORIGINAL: “And cheer on congressmen and women!” pic.twitter.com/z88mmVhikG…
— Eric Daugherty (@EricLDaugh) November 3, 2025
Eis o trecho do material da BBC:
“Vamos descer até o Capitólio. Eu estarei com vocês. E vamos lutar. Vamos lutar com todas as forças”.
Eis o trecho original:
