O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou nesta 2ª feira (22.dez.2025) que as apreensões de navios de outros países pelos Estados Unidos violam o direito internacional. A declaração foi feita depois de os EUA interceptarem um petroleiro com destino à China na costa da Venezuela. As informações são da agência Reuters.
“A China se opõe a sanções unilaterais ilegais, sem autorização do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]”, afirmou Lin Jian, porta-voz do Ministério, em entrevista a jornalistas.
No sábado (20.dez), a Guarda Costeira dos EUA capturou o navio-tanque Centuries em águas internacionais próximas à Venezuela. A embarcação transportava 1,8 milhão de barris de petróleo bruto venezuelano do tipo Merey.
O governo americano disse que o petroleiro utilizava identificação falsa, operando sob o nome “Crag”, e que a embarcação integrava a “frota paralela” venezuelana. Segundo os EUA, o navio transportava petróleo sujeito a sanções americanas.
Foi a 2ª ação do tipo em dezembro. No dia 10, os norte-americanos já haviam apreendido um grande petroleiro chamado Skipper, que estava sob sanções por suas ligações com o Irã. No domingo (21.dez), a Guarda Costeira interceptou um 3º petroleiro na região.
Na 3ª feira (16.dez.2025), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), ordenou um bloqueio total a petroleiros sancionados que entrassem e saíssem da Venezuela. Em uma publicação na plataforma Truth Social, o republicano disse que os venezuelanos roubam petróleo e terras dos norte-americanos.
Os Estados Unidos também lançam desde setembro ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico. As ações, divulgadas em redes sociais pela força militar norte-americana, já causaram mais de 100 mortes, segundo contagem baseada em dados das autoridades. Os ataques mais recentes foram na 5ª feira (18.nov.2025) e mataram 5 pessoas.
O governo Trump tem classificado essas ações como parte de um esforço para deter o fluxo de drogas e rotulado os alvos como “narcoterroristas”, mas não forneceu provas públicas de que as embarcações atacadas estivessem efetivamente envolvidas no tráfico.
A escalada desses ataques se dá em cenário de presença militar americana sem precedentes no Caribe nas últimas décadas, com centenas de militares, navios de guerra e aeronaves posicionados perto da Venezuela. Registros de sites de rastreamento de voos, como o FlightRadar, mostram que caças F/A-18 e outras aeronaves militares dos EUA voaram por períodos prolongados sobre o Golfo da Venezuela e em áreas marítimas próximas à costa venezuelana, a poucos quilômetros de cidades como Maracaibo e até da capital Caracas, segundo relatos de monitoramento e mídias internacionais.
Em algumas dessas missões, até 5 aeronaves militares americanas, incluindo caças Boeing F/A-18E Super Hornet e aviões de guerra eletrônica EA-18G Growler, foram detectadas operando próximos às fronteiras venezuelanas, embora os EUA afirmem que permanecem em espaço aéreo internacional e que os voos são exercícios “rotineiros”.
O governo de Caracas intensificou críticas, dizendo que Washington faz provocação e utiliza o combate às drogas como pretexto para aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro (PSUV, esquerda), que nega envolvimento com narcotráfico e classifica as ações americanas como tentativas de interferir nos assuntos internos do país.
Viagem anunciada
No domingo (21.dez), a embarcação Canopus Voyager, pertencente à empresa norte-americana Chevron, deixou a Venezuela transportando petróleo venezuelano com destino ao Texas, nos Estados Unidos. A vice-presidente executiva da Venezuela e ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodriguez (PSUV, esquerda), anunciou a partida do navio por meio de uma publicação em seu canal no Telegram. A mensagem incluía um vídeo com um trabalhador detalhando informações sobre a carga.
“Partindo o petroleiro Canopus Voyager, pertencente à empresa Chevron. Com 500.000 barris de Special Hamaca Blend [petróleo melhorado] destinados a Frisco, Texas, Estados Unidos. Cumprindo acordos internacionais e, sobretudo, com os acordos estabelecidos com a empresa Chevron. O Estado venezuelano cumpre assim seus compromissos”, diz o o homem no vídeo.
