Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, manifestou apoio à divisão de sua pasta para a criação do Ministério da Segurança Pública, em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta 2ª feira (22.dez.2025). Durante a entrevista, o ministro condicionou seu apoio à aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em tramitação no Congresso Nacional, ao fortalecimento do papel da União no combate ao crime e à destinação de recursos adequados para a área.
A nova posição de Lewandowski alinha-se com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defensor da criação do ministério desde a campanha eleitoral. O ministro justificou sua mudança de opinião pela necessidade de fortalecer a atuação federal no enfrentamento à criminalidade.
“Verbas substanciais” seriam necessárias para viabilizar a nova pasta, segundo Lewandowski. Ele comparou a situação atual do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública), que conta com R$ 2 bilhões, com os R$ 8 bilhões destinados à segurança no Estado da Bahia.
O ministro criticou modificações feitas pelo deputado Mendonça Filho (União-PE), relator da proposta na Câmara, afirmando que as alterações vão na “contramão” do projeto original do Executivo por descentralizarem o combate ao crime organizado.
Questionado sobre sua permanência no governo caso siga a divisão ministerial, Lewandowski respondeu com humor: “Eu vou ser ministro dos meus netos”. O governo ainda não definiu quem assumiria o comando das pastas em caso de separação.
Em relação ao projeto de lei antifacção, o ministro aprovou as mudanças realizadas pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), classificando o texto como “amplamente satisfatório” e afirmando que coincide em 90% com a proposta original do governo. Lewandowski garantiu que o Executivo trabalhará pela aprovação desse texto na Câmara dos Deputados.
Ao comentar o PL (Projeto de Lei) da Dosimetria, que reduziu penas dos condenados pelos atos golpistas, o ministro expressou preocupação: “Na medida em que você ameniza as sanções contra esse tipo de atentado contra as instituições, que é gravíssimo, você pode estimular futuros atentados”.
Lewandowski também elogiou a operação Carbono Oculto, que descobriu a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis, classificando-a como uma “operação paradigmática” que exemplifica o espírito da PEC da segurança, com forças policiais de diferentes entes trabalhando em conjunto.
