Durante um passeio noturno em Florianópolis, uma família deparou-se com o fenômeno raro das ondas azuis, causado por organismos microscópicos que emitem luz como mecanismo de defesa biológica.

O fenômeno da bioluminescência transformou o cenário noturno de Florianópolis em um verdadeiro espetáculo visual esta semana. Na última quarta-feira, 17 de dezembro, as águas da Praia da Solidão, no sul da ilha, ganharam tons de azul vibrante, provocando o encanto de moradores e visitantes que passavam pelo local. A luz fluorescente, que surge com o movimento das ondas, é um evento natural raro e de curta duração, dependente de condições específicas no ecossistema marinho para se manifestar com tamanha intensidade.
Danielly Batista dos Santos, moradora do bairro Campeche, desfrutava de um passeio noturno com a família quando se deparou com a orla iluminada. Ela relatou que a experiência pareceu uma confirmação do misticismo local. “Com certeza esse fenômeno foi a resposta. Foi mágico”, afirmou, referindo-se ao apelido de ‘Ilha da Magia’ dado à capital catarinense.
A ciência por trás das luzes azuis
A explicação para esse brilho reside na presença de microalgas conhecidas como fitoplâncton, especificamente da espécie Noctiluca scintillans. Esses organismos microscópicos possuem a capacidade de produzir luz através de reações químicas internas, um mecanismo de defesa utilizado para afastar predadores. O efeito visual se intensifica quando há agitação na água, como o quebrar da máxima das ondas ou até mesmo o impacto de passos na areia úmida.
Embora o espetáculo seja hipnotizante, a visibilidade depende totalmente da ausência de luz solar, uma vez que a radiação do dia ofusca a luminescência das algas. Especialistas esclarecem que a média de ocorrência desses episódios no litoral catarinense não segue um padrão rígido. O surgimento está atrelado à temperatura da água — que não pode estar na mínima histórica — e à disponibilidade de nutrientes que favorecem a proliferação acelerada desses seres vivos.
Um sinal de alerta para o oceano
Apesar da beleza, a presença massiva dessas microalgas pode carregar um significado menos poético. Especialistas em Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explicam que a frequência desses eventos tem aumentado devido a fatores ambientais preocupantes. A elevação na temperatura do mar e o excesso de nutrientes — muitas vezes provenientes da poluição — criam o ambiente ideal para essas florações.
O monitoramento constante é a melhor ferramenta para entender se essas manchas coloridas são inofensivas ou se representam um risco sanitário, já que algumas espécies podem liberar toxinas. Por enquanto, a orientação para os banhistas é de que o contato direto não costuma causar problemas imediatos, permitindo que a população contemple a beleza do fenômeno enquanto ele durar.
Referências da notícia
VÍDEO: jovem registra fenômeno raro que deixa ondas de praia com brilho fluorescente em Florianópolis. 19 de dezembro, 2025.
