O CEO global da Keeta, Tony Qiu, afirmou em entrevista ao Poder360 que as cláusulas de exclusividade com restaurantes impostas pelo iFood são uma das principais razões para a empresa deter mais de 80% do mercado brasileiro. Segundo ele, quando uma nova companhia entra no Brasil e não consegue trabalhar com as principais marcas, torna-se muito difícil operar no setor.
“Ou eles não terão marcas para oferecer ou eles precisam pagar uma alta taxa inicial para quebrar essa exclusividade”, disse. A prática resulta, segundo o executivo, em uma trava financeira. O dinheiro da empresa acaba não sendo usado para investir em produto, operação ou serviços, mas apenas para entrar no mercado.
Assista à entrevista completa (26min8s):
A Keeta, que pertence ao grupo chinês Meituan, lançou operações no Brasil em dezembro de 2025, em São Paulo, depois de um projeto piloto na Baixada Santista. A empresa não adota cláusulas de exclusividade com restaurantes ou entregadores. “Acreditamos em mercado aberto”, afirmou o CEO.
O executivo defendeu que o governo brasileiro debata mais o tema e busque referências em outros países. Ele citou a China, onde atualmente é ilegal ter cláusulas de exclusividade no setor de delivery.
Clima de sabotagem
O CEO global da Keeta também lamentou que o mercado brasileiro de delivery seja marcado por um ambiente de sabotagens, com “muitas alegações” entre concorrentes envolvendo vazamento de dados e espionagem. Desde a chegada ao país, a Keeta esteve no centro de controvérsias no setor. O executivo afirmou que a empresa “sofreu muito” no período.
Segundo Qiu, a empresa foi sabotada logo no 2º dia de operação do projeto piloto em Santos. Um grupo de pessoas teria se passado por funcionários da companhia, invadido o sistema, tirado fotos e vídeos e desativado contas de restaurantes parceiros na plataforma. O executivo afirma que a Keeta acionou a polícia, que investiga o caso.
Os concorrentes também alegam ser alvos de táticas agressivas. Recentemente, o 99Food disse ter sofrido furto de notebooks corporativos. Já o iFood registrou boletim de ocorrência sobre empregados abordados via LinkedIn. Um deles foi alvo de busca por suposta transferência de dados de 4 mil restaurantes.
Qiu diz que a Keeta não recebeu nenhuma investigação formal. “Como empresa, temos um padrão muito alto de conformidade com a lei e de conduta ética nos negócios”, declarou.
