O ex-diretor-geral da PRF (Procuradoria Geral da República), Silvinei Vasques, preso no Paraguai na madrugada desta 6ª feira (26.dez.2025) depois de romper a tornozeleira eletrônica, foi condenado em setembro pela 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) a 24 anos e 6 meses de prisão no julgamento do núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado.
A acusação da PGR sustentou que Silvinei e os outros réus do núcleo 2 utilizaram a máquina pública e atuaram de forma coordenada para dar sustentação institucional e operacional ao plano golpista. O grupo foi acusado de planejar atos violentos e iniciativas que interferissem no processo eleitoral.
De acordo com a PGR, Silvinei Vasques, então diretor-geral da corporação, e Marília Alencar, responsável pela área de inteligência, teriam direcionado operações policiais para dificultar o fluxo de eleitores do Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve vantagem eleitoral. A PGR afirma que houve descumprimento deliberado de decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que as ações praticadas pela organização criminosa estão documentadas em conversas por aplicativos de mensagens, além de registros em arquivos eletrônicos.
Segundo Gonet, os réus acusados neste núcleo atuaram no monitoramento de autoridades e na elaboração de planos para neutralizá-las, na formulação do decreto que romperia com as estruturas democráticas do país e no mapeamento de pontos com maior concentração de eleitores do candidato rival para impedi-los de comparecerem às urnas no 2º turno das eleições de 2022.
Vasques afirmou, em suas alegações finais enviadas ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta 3ª feira (7.out.2025), que a corporação não interferiu no 2º turno das eleições de 2022. Segundo ele, não houve qualquer ação para dificultar o transporte de eleitores, especialmente no Nordeste, durante o pleito que resultou na vitória de Lula.
Em seu voto que concluiu o julgamento do núcleo 2, Dino afirmou que o conjunto de provas reunidas ao longo da instrução processual demonstra a existência de uma atuação articulada para subverter a ordem constitucional.
OPERAÇÕES
O então diretor-geral da PRF foi intimado pelo ministro Alexandre de Moraes, em 30 de outubro de 2022, 2º turno das eleições, a explicar a razão da Polícia Rodoviária Federal ter realizado operações em transporte público de eleitores. Vídeos que circulavam nas redes sociais mostravam agentes supostamente atrapalhando a chegada das pessoas aos locais de votação.
Vasques chegou a ir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) depois de ser intimado por Moraes. O presidente da Corte queria explicações sobre operações em transporte público de eleitores realizadas no domingo. No sábado (29.out.2022), o ministro havia proibido a PRF e a Polícia Federal de fazerem qualquer operação relacionada ao transporte público de eleitores para as seções eleitorais.
