Um vídeo em que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino manifesta apoio ao hoje ex-prefeito de Turilândia (MA) Paulo Curió (União Brasil) voltou a circular nas redes sociais neste domingo (28.dez.2025). A gravação foi publicada em 24 de setembro de 2022, quando Dino era candidato ao Senado, e mostra o então governador agradecendo a Curió pela parceria política.
Curió foi preso preventivamente na 4ª feira (24.dez.2025) por envolvimento em um esquema de desvio de R$ 56 milhões em recursos públicos.
“Quero agradecer ao nosso líder, amigo, querido Paulo Curió pelo trabalho conjunto que nós fizemos juntos em favor da população da cidade. Esse trabalho conjunto tem praça, tem asfalto, tem avenida e tem o sonho do hospital, muita coisa boa em Turilândia. Paulo, muito obrigado. Obrigado também pela sua solidariedade neste momento da campanha eleitoral”, declarou Dino.
Assista (1min16s):
À época da gravação, Dino fazia campanha ao Senado pelo PSB. Foi eleito em outubro daquele ano com 62,41% dos votos válidos, mas deixou o mandato antes de tomar posse para assumir o Ministério da Justiça, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Antes, Dino governou o Maranhão de 2014 a abril de 2022, em 2 mandatos consecutivos. Lula o indicou ao STF em 27 de novembro de 2023. Ele tomou posse como ministro em 21 de fevereiro de 2024.
O Poder360 entrou em contato com a assessoria de imprensa de Dino para perguntar se o ministro gostaria de se manifestar sobre o vídeo. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.
PRISÃO DO PREFEITO DE TURILÂNDIA
A Justiça do Maranhão determinou a prisão do então prefeito de Turilândia Paulo Curió (União Brasil), da vice-prefeita Tânia Mendes (PRD) e de 11 vereadores, investigados por participação em um esquema de desvio de recursos públicos estimado em mais de R$ 56 milhões.
A decisão partiu da 3ª Câmara Criminal do TJ-MA e se baseia em investigação conduzida pelo Ministério Público do Maranhão.
Segundo os desembargadores, uma organização criminosa teria se instalado na prefeitura e na Câmara Municipal para fraudar contratos e desviar verbas, principalmente das áreas de Saúde e Assistência Social. Os fatos são apurados na operação Tântalo 2, deflagrada na 2ª feira (22.dez.2025), como desdobramento de uma ação realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em fevereiro de 2025. Além do prefeito e da vice, empresários, funcionários públicos, 20 vereadores e um ex-vereador são investigados.
Com a prisão de Curió, o presidente da Câmara Municipal de Turilândia, José Luís Araújo Diniz (União Brasil), conhecido como Pelego, assumiu interinamente a prefeitura mesmo cumprindo prisão domiciliar. Ele só pode sair de casa para trabalhar.
A transferência de Pelego para a prefeitura, por sua vez, fez com que a vereadora Inailce Nogueira Lopes (União Brasil), vice-presidente da Câmara Municipal, passasse a exercer interinamente o comando do Legislativo. Ela também cumpre prisão domiciliar.
ENTENDA O ESQUEMA
De acordo com o MP-MA, o grupo desviava recursos por meio de empresas de fachada, que firmavam contratos com o município e emitiam notas fiscais sem a efetiva prestação de serviços. A maior parte dos valores retornava ao núcleo político do esquema.
A investigação identificou indícios de organização criminosa, fraude à licitação, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. As irregularidades teriam ocorrido de 2021 a 2025, durante a gestão de Paulo Curió.
Segundo os autos, Paulo Curió ocupava posição central na organização. Na condição de ordenador de despesas, ele teria direcionado licitações e autorizado pagamentos sem comprovação da execução dos serviços, sendo um dos principais destinatários dos valores desviados.
A vice-prefeita Tânia Mendes é citada como integrante do núcleo empresarial e operacional. Conforme o Ministério Público, ela mantinha vínculos com empresas usadas no esquema e participava da movimentação dos recursos, ajudando a dar aparência de legalidade às contratações.
EX-VICE E EMPRESAS
A ex-vice-prefeita Janaina Soares Lima (Patriota) também é citada como peça-chave. Ela teria exercido controle de fato sobre o Posto Turi, empresa que mais recebeu recursos da prefeitura, com contratos que somam cerca de R$ 17,2 milhões. Segundo a investigação, parte desses valores era retida como uma espécie de “imposto” interno do esquema.
Outras empresas também são citadas como usadas para fraudes, como Luminer Serviços, Climatech Refrigeração, SP Freitas Júnior, JEC Empreendimentos e Potencial Empreendimentos.
