O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) irá realizar outro procedimento no nervo frênico nesta 2ª feira (29.dez.2025). A expectativa é de que a intervenção dure cerca de 40 minutos a uma hora, segundo a equipe médica de Bolsonaro. O procedimento será realizado no Hospital DF Star, em Brasília.
“É um procedimento de rádio intervenção, em que se faz uma pulsão com anestesia, não implica em incisões, em cortes, em nada disso”, disse o médico Claudio Birolini, um dos responsáveis pelo novo procedimento.
De acordo com a equipe médica de Bolsonaro, será repetida a intervenção realizada no sábado (27.dez.2025), só que, desta vez, do lado esquerdo do nervo. O objetivo do procedimento é cessar os soluços do ex-presidente com um bloqueio anestésico.
“O bloqueio consiste em, no pescoço, através do ultrassom, injetar anestésico local com uma agulha em cima do nervo, no intuito de promover uma denervação química. Ou seja, injeto o anestésico local e bloqueio a enervação que o nervo frênico fornece ao diafragma”, diz o doutorando em anestesiologia pela USP (Universidade de São Paulo) Bruno Sinedino ao Poder360.
O anestesiologista afirma que esse tipo de intervenção é considerada minimamente invasiva. Não há cortes. A expectativa é de que, depois da intervenção, o efeito do anestésico diminua gradualmente, e a função nervosa volte a se recuperar.
Para o procedimento de Bolsonaro, assim como na 1ª intervenção, realizada do lado direito, serão usados:
- anestésico – atua no sistema nervoso e bloqueia a percepção da dor e proporcionando alívio imediato. Dura em média de 12h a 18h;
- corticoide – atua de forma mais ampla e modular o sistema imunológico e diminuindo a inflamação intensa. Pode durar até 3 meses.
Esta é a 3ª vez que o ex-presidente vai ao centro cirúrgico desde que foi internado em 25 de dezembro de 2025.
A expectativa é de que o ex-presidente seja liberado 48h após o procedimento, caso não haja intercorrências no processo. O prazo está dentro dos 7 dias de internação estipulados inicialmente pela equipe médica.
O tratamento está associado a complicações decorrentes da facada sofrida por Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018, que resultaram em alterações no trato gastrointestinal e episódios recorrentes de soluço de difícil controle clínico ao longo dos anos.
RETORNO DOS SOLUÇOS
Bruno Sinedino avalia que a volta nos soluços após o procedimento é resultado dos baixos níveis de concentrações ou de volume dos anestésicos.
“O bloqueio vai passar, e a gente sabe que isso vai acontecer, esse bloqueio não é permanente, é mantido enquanto o anestésico está funcionando. Mas se a gente injeta muito pouco, seja por concentração, seja por volume, o nervo não fica bloqueado. É necessário tempo suficiente para que a gente tenha esse reset, que é o intuito da realização do bloqueio nervo frênico”, afirmou.
Para o especialista, o procedimento de Bolsonaro pode ter duração de curto prazo, sendo necessária uma nova intervenção. Segundo ele, o motivo da falta de efeito é o estresse crônico de soluços repetitivos do ex-presidente: “Não consigo precisar uma resposta a longo prazo. Imagino que serão necessários mais intervenções do que só o bloqueio do lado direito ou esquerdo. A minha expectativa, pela experiência que eu tenho acumulada, é que haverá recrudescência dos sintomas após a passagem do efeito desses anestésicos locais que serão utilizados para o bloqueio do nervo”.
