As cerca de 20.000 páginas de documentos foram liberadas pelo Comitê de Supervisão e de Reforma do Governo do Congresso norte-americano.
Secretário do Tesouro na gestão de Bill Clinton (Partido Democrata), Summers declarou ao site de notícias Politico que continuará lecionando em Harvard, mas se afastará de compromissos públicos. “Estou profundamente envergonhado de minhas ações e reconheço a dor que elas causaram”, afirmou.
“Assumo total responsabilidade pela minha decisão equivocada de continuar me comunicando com Epstein. Enquanto continuo a cumprir minhas obrigações de ensino, me afastarei dos compromissos públicos como parte do meu esforço mais amplo para reconstruir a confiança e reparar relacionamentos com as pessoas mais próximas a mim”, acrescentou.
As comunicações entre Summers e Epstein se deram de 2013 até o início de 2019. Em um dos e-mails, de novembro de 2018, Epstein se referiu a si mesmo como “wing man” de Summers, termo que criou forte reação negativa. A expressão em inglês significa o companheiro ou o parceiro que facilita a aproximação de um amigo com outra pessoa, normalmente em contextos de flerte.
De acordo com o Guardian, o Centro para o Progresso Americano informou que Summers está encerrando sua posição como “pesquisador sênior distinto” na instituição.
A pressão para o afastamento veio de congressistas republicanos e democratas, que pediram a empresas e instituições que rompessem laços com o economista.
E-MAILS DE SUMMERS
Em um e-mail de 2017, Summers escreveu para Epstein: “Estou tentando entender por que a elite americana acha que se você matar seu bebê por espancamento e abandono, isso deve ser irrelevante para sua admissão em Harvard. Mas se você deu em cima de algumas mulheres há 10 anos, não pode trabalhar em uma rede ou think tank. Não repita essa observação.”
Em outra mensagem, acrescentou: “Observei que metade do QI no mundo pertencia a mulheres, sem mencionar que elas são mais de 51% da população.”
Outros e-mails mostram Summers pedindo conselhos românticos a Epstein. Em novembro de 2018, o economista aparentemente encaminhou um e-mail de uma mulher para pedir opinião sobre quando responder. “Acho que não responder por um tempo provavelmente é apropriado”, escreveu Summers. Epstein, então, respondeu: “Ela já está começando a parecer carente 🙂 legal.”
INVESTIGAÇÃO
Summers é um dos alvos de uma investigação iniciada pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano) na semana passada. O republicano instruiu a chefe do Departamento de Justiça, Pam Bondi, a investigar democratas depois que seus nomes vieram à tona nos documentos. Há e-mails sugerindo que o próprio presidente norte-americano tinha conhecimento da conduta de Epstein.
Em declaração ao Harvard Crimson, Summers disse: “Tenho grandes arrependimentos na minha vida. Como já disse antes, minha associação com Jeffrey Epstein foi um grande erro de julgamento.”
Essa não é a 1ª controvérsia envolvendo Summers, que perdeu seu cargo como presidente de Harvard em 2006 após fazer comentários sobre acadêmicas considerados sexistas por parte da comunidade científica.
A relação entre ele e Epstein havia sido previamente reportada pelo The Wall Street Journal em 2023. Segundo a publicação, em 2014, Summers pediu conselhos a Epstein sobre como obter US$ 1 milhão em financiamento para o projeto de poesia de sua esposa.
