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MANAUS (AMAZONAS) – Em meio a crescentes relatos de advogados, servidores e jurisdicionados sobre instabilidades no acesso ao Projudi — sistema de tramitação processual eletrônico utilizado por diversos tribunais estaduais — surge uma dúvida frequente: trata-se de um problema de alcance nacional ou de responsabilidade das próprias cortes que operam a plataforma?
O Projudi (Processo Judicial Digital) foi concebido originalmente pelo Tribunal de Justiça do Paraná e, ao longo dos anos, adotado de forma descentralizada por diferentes Tribunais de Justiça estaduais. Ao contrário de sistemas unificados como o PJe (Processo Judicial Eletrônico), coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Projudi não funciona sob uma administração centralizada. Cada tribunal que o utiliza dispõe de sua própria infraestrutura de servidores, rotinas de manutenção, equipes técnicas e versões do software.
Essa estrutura descentralizada implica, na prática, que as falhas ou lentidões observadas no dia a dia de advogados e partes processuais normalmente estão vinculadas às condições operacionais internas de cada tribunal, e não a uma pane generalizada de um sistema nacional. A instabilidade pode refletir problemas pontuais de rede, sobrecarga dos servidores locais ou deficiências na gestão técnica da própria corte estadual.
Profissionais que atuam no Judiciário denunciam que, em estados onde a plataforma está sobrecarregada ou mal configurada, o acesso ao Projudi chega a ficar intermitente, dificultando o acompanhamento de processos, apresentação de petições e cumprimento de prazos judiciais. Em contraste, tribunais com melhor estrutura tecnológica reportam operação mais estável, ainda que não imune a interrupções.
Especialistas em tecnologia judiciária afirmam que a diversidade de versões e adaptações do Projudi entre os estados contribui para a variabilidade de desempenho. “Sem um ambiente unificado e padrões mínimos de infraestrutura, é natural que a experiência do usuário varie significativamente de uma jurisdição para outra”, observa um consultor em sistemas judiciais que acompanha a evolução das plataformas eletrônicas no Brasil.
A polarização entre sistemas estaduais como o Projudi e soluções nacionais como o PJe reflete uma ambição histórica do Judiciário brasileiro de digitalizar a tramitação processual, mas também evidencia desafios de governança tecnológica. A migração de tribunais para sistemas centralizados tem avançado, mas ainda convive com modelos híbridos ou legados.
Para advogados e partes que dependem cotidianamente da plataforma, a conclusão é clara: quando o Projudi apresenta instabilidade, a origem do problema está, em regra, na gestão local do tribunal estadual responsável pela sua operação, e não em um colapso de um sistema nacional singulares.
