Autoridades de Defesa da Tailândia e do Camboja marcaram uma reunião para a 4ª feira (24.dez.2025) com o objetivo de retomar o cessar-fogo na região de fronteira, palco de intensos combates. A decisão saiu nesta 2ª feira (22.dez), durante encontro de ministros das Relações Exteriores da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur. Os confrontos já duram 3 semanas e deixaram ao menos 80 mortos.
Os países vão se reunir por meio do Comitê Geral de Fronteiras, mecanismo usado há anos em negociações bilaterais. Trata-se da 1ª iniciativa diplomática desde a retomada dos combates, em 8 de dezembro, depois do fracasso do acordo de paz anterior. As informações são da Reuters.
A trégua anterior, mediada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), e pela Malásia, atual presidente da Asean, não se sustentou. Firmado depois dos confrontos mortais em julho, o acordo estabelecia desminagem e retirada de tropas e armamento pesado das áreas disputadas.
Tailândia e Camboja trocam diariamente disparos de foguetes e artilharia ao longo de sua fronteira terrestre de 817 km. As forças armadas utilizam artilharia pesada, drones e ataques aéreos.
O conflito afeta diretamente as populações civis nas áreas fronteiriças, com deslocamentos forçados. Bangkok diz que Phnom Penh instala novas minas terrestres; o governo cambojano nega.
Os combates se espalham por vários pontos da fronteira, de áreas florestais próximas ao Laos até províncias costeiras no Golfo da Tailândia. A disputa territorial é antiga e envolve áreas cuja soberania é contestada há décadas.
Segundo militares tailandeses, o Camboja realizou ataques de artilharia intermitentes e usou drones para lançar bombas. A Tailândia respondeu com ataques aéreos e de artilharia contra posições militares cambojanas.
Ainda não há detalhes sobre como o novo cessar-fogo será implementado ou monitorado, caso as partes cheguem a um acordo. O chanceler tailandês, Sihasak Phuangketkeow, afirmou que Bangkok propôs a província de Chanthaburi como local do encontro, mas o Ministério da Defesa do Camboja não respondeu.
Antes disso, nem o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, nem Trump conseguiram reunir os 2 países à mesa, apesar de sucessivos telefonemas. A China também atua para reduzir as tensões. Seu enviado especial para assuntos asiáticos, Deng Xijun, realizou conversas recentes em Bangkok e Phnom Penh.
Em comunicado, os chanceleres da Asean disseram esperar uma rápida desescalada do conflito. Durante a reunião em Kuala Lumpur, os diplomatas dos 11 países do bloco pediram “máxima contenção” e “medidas imediatas” para “cessar todos os disparos”.
Cinco dias depois do início dos confrontos, Trump afirmou que os primeiros-ministros dos 2 países haviam concordado em interromper os ataques. No entanto, os combates continuaram no dia seguinte, com novos bombardeios aéreos lançados por Bangkok.
Sihasak disse que a Tailândia busca um “cessar-fogo verdadeiro”, com um plano claro de implementação. “Um cessar-fogo não pode ser apenas declarado; exige diálogo”, afirmou.
“Se os cambojanos querem um cessar-fogo, vamos discutir o cessar-fogo. Propusemos que os dois exércitos se encontrem o mais rápido possível”, disse, ressaltando que a solução depende diretamente dos 2 países.
O Ministério da Defesa do Camboja disse que a Tailândia violou sua soberania com mais uma “agressão armada” e prometeu defender o que considera seu território “a qualquer custo”.
Na abertura do encontro da Asean, o chanceler da Malásia, Mohamad Hasan, defendeu um papel mais ativo do bloco. “Nosso objetivo vai além de reduzir a tensão. Precisamos fortalecer a confiança entre as partes e garantir espaço para o diálogo, apesar das diferenças”, declarou.
