O IPCA (Índice Nacional de Preços Amplo), utilizado para medir a inflação oficial do país, subiu 0,56% no mês de outubro, acima do consenso de mercado (0,53%), e acelerou em relação ao mês anterior (0,44%). Com esse resultado, o IPCA acumula alta de 4,76% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta da inflação (4,5%). A inflação de outubro foi puxada essencialmente pela alta de preços de alimentos (carnes) e energia elétrica, influenciada pelo acionamento da bandeira vermelha, devido à crise hídrica ocorrida no mês passado. Do ponto de vista político, o resultado é ruim para o governo, pois as altas se concentraram em itens que pesam no orçamento e no dia a dia do brasileiro.
Por mais que a missão institucional de controlar a inflação seja do Banco Central, via política monetária (alterações da taxa Selic), há razões para culpar o governo. O elevado gasto público tem piorado as expectativas inflacionárias e depreciado o real frente ao dólar, trazendo pressões inflacionárias. Para a população, pouco importa se a culpa da inflação é do Banco Central ou do governo. O ponto é que ninguém gosta de ver seu poder de compra diminuído. Geralmente, quando a economia não vai bem, as pessoas culpam o governo.
O presidente Lula já demonstrou insatisfação com sua popularidade e o desempenho do PT nas eleições municipais, apesar da queda na taxa de desemprego e o crescimento econômico acima das expectativas. No entanto, o aquecimento da atividade econômica e do mercado trabalho não parecem gerar uma percepção real de melhora na população. Talvez, porque a silenciosa inflação, desde o pós-pandemia, tem empobrecido o brasileiro.
Fenômeno semelhante foi observado nos EUA. Taxa de desemprego em patamares mínimos e PIB crescendo acima do esperado, mas a população entendia que a economia não ia bem. A resposta pode estar na inflação. Alta persistente e generalizada nos preços pode tirar votos. Provavelmente tirou muitos de Kamala Harris, vice do atual governo Biden. O exemplo americano serve para Lula.