"Estamos interessados em parar a agressão contra nosso povo, dentro dos parâmetros de parar a agressão em Gaza que concordamos; ou seja, um cessar-fogo, a retirada das forças de ocupação, o retorno dos deslocados e a obtenção de um acordo real e completo de troca de prisioneiros", informou o grupo que atua em Gaza.
O Hamas considera que o acordo do Hezbollah com Israel, "sem cumprir as condições que o inimigo estabeleceu, é um marco importante para destruir as ilusões de Netanyahu de mudar o mapa do Oriente Médio". Inicialmente, Israel pretendia destruir completamente as capacidades militares do Hezbollah.
O grupo armado palestino também saudou a atuação do grupo libanês. "Elogiamos o papel fundamental desempenhado pela Resistência Islâmica no Líbano, em apoio à Faixa de Gaza e à resistência palestina, e os grandes sacrifícios feitos pelo Hezbollah e sua liderança, liderados pelo falecido secretário-geral Sayyed Hassan Nasrallah, e apreciamos a firmeza do povo libanês irmão e sua solidariedade constante com o povo palestino", afirmou o Hamas.
O conflito no Líbano começou após o dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel em resposta à ocupação dos territórios palestinos e ao cerco à Faixa de Gaza. O ataque do Hamas causou a morte de 1,2 mil pessoas e a captura de mais de 200 reféns. Desde então, o Hezbollah tem realizado ataques a bases militares no norte de Israel em solidariedade aos palestinos de Gaza diante da ofensiva israelense.
Em setembro deste ano, Israel iniciou um ataque massivo contra o Líbano, destruindo diversas regiões do sul do país e de Beirute, a capital. Estima-se que quase 4 mil libaneses morreram desde o início do atual conflito.
O governo de Tel Aviv alega que o objetivo da ofensiva no Líbano era permitir que os moradores do norte do país voltassem às suas casas, uma vez que os ataques do Hezbollah levaram ao deslocamento de milhares de israelenses.
Netanyahu
Ao anunciar o acordo no Líbano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Hamas não irá se beneficiar desse acordo e que o cessar-fogo no norte de Israel permitirá ampliar a pressão contra o grupo palestino em Gaza.
"Quando o Hezbollah estiver fora do jogo, o Hamas será deixado sozinho [em Gaza]. A nossa pressão vai intensificar e isso contribuirá para a missão sagrada de libertar os nossos reféns", afirmou, nessa terça-feira (26), o primeiro-ministro israelense.
Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, informou que irá trabalhar para um cessar-fogo em Gaza sem o Hamas no poder. "Nos próximos dias, os Estados Unidos farão outra pressão com a Turquia, o Egito, Catar, Israel e outros para alcançar um cessar-fogo em Gaza, com a libertação dos reféns e o fim da guerra sem o Hamas no poder", afirmou em rede social.
O acordo
Intermediado pela França e os EUA, o acordo entre Israel e o Hezbollah prevê um cessar-fogo no Líbano por dois meses e estabelece a retirada do Exército de Israel do país. Por outro lado, o movimento xiita libanês se comprometeu a ir para o norte do Rio Litani, uma fronteira estabelecida no final da última guerra entre Israel e o Hezbollah, em 2006.
Assim, os dois países deixam uma faixa de terra que será patrulhada pelo Exército libanês e pela força das Nações Unidas no Líbano (Unifil).