Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma metodologia inovadora que utiliza drones equipados com câmeras RGB para acelerar a seleção de plantas de milho geneticamente modificadas, tornando o processo mais eficiente e menos custoso.
A técnica foi testada em experimentos conduzidos em Campinas (SP) e os resultados foram publicados na revista The Plant Phenome Journal no dia 5 de janeiro.
O estudo foi conduzido por pesquisadores do Centro de Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC), uma parceria entre a Embrapa e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Segundo Juliana Yassitepe, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital e autora do estudo, os métodos tradicionais de avaliação em campo são demorados e caros, dificultando avanços no desenvolvimento de cultivares mais resilientes.
"Nos métodos convencionais, é necessário esperar o ciclo completo da planta e realizar medições manuais, muitas vezes com equipamentos caros e processos lentos", afirma.
Com a nova abordagem, drones realizam voos semanais sobre as plantações, capturando imagens que são convertidas em índices para avaliar a saúde das plantas. Isso permite identificar rapidamente variedades promissoras e simular seu desempenho em diferentes condições ambientais.
"Antes, levaríamos vários dias para medir a produção de grãos, tempo até a floração e altura das plantas. Agora, fazemos isso em poucas horas", destaca Yassitepe.
Os experimentos realizados em 2023 incluíram 21 variedades de milho, das quais 18 tinham genes testados para tolerância à seca. As plantas foram divididas em dois grupos: um recebeu irrigação ao longo de todo o ciclo, enquanto o outro foi submetido à seca.
As análises mostraram que as câmeras RGB, mais acessíveis que as multiespectrais, produzem resultados confiáveis.
"Com voos mais baixos, é possível obter imagens de alta resolução, permitindo testar mais variedades de milho em uma mesma área", afirma Helcio Pereira, pesquisador de pós-doutorado no GCCRC e coautor do estudo.
Além de reduzir custos operacionais, a metodologia permite realizar estudos em áreas menores, beneficiando projetos com recursos limitados. A análise temporal contínua também foi essencial para compreender como as plantas respondem ao estresse hídrico.
Os dados coletados pelos drones foram utilizados para desenvolver modelos preditivos que facilitam a seleção de variedades adaptadas a diferentes condições ambientais.
"Podemos prever o comportamento das variedades de plantas sem a necessidade de medições manuais frequentes, tornando o processo mais rápido e acessível", afirma Pereira.
Fonte: Canal Rural