Funai diz que fala de coordenador que sugere 'meter fogo' em índios isolados no AM não representa posição da instituição

Funai diz que fala de coordenador que sugere 'meter fogo' em índios isolados no AM não representa posição da instituição
Conflitos envolvendo indígenas Marubo e isolados estariam acontecendo no estado. Estima-se que além dos Moxihatëtë, outras duas tribos Yanomami vivem isoladas no estado do Amazonas.

Guilherme Gnipper/Hutukara/Divulgação

Um coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) sugeriu "meter fogo" em indígenas isolados do Amazonas, durante uma reunião com servidores e lideranças. Em nota, a Funai afirmou que a fala do funcionário "não representa a posição oficial da instituição".

O áudio foi divulgado pela Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira (22). A reunião aconteceu na Terra Indígena Vale do Javari (AM).

"Eu vou entrar em contato com o pessoal da Frente (de Proteção Etnoambiental) e pressionar: 'Vocês têm de cuidar dos índios isolados, porque senão eu vou, junto com os marubos, meter fogo nos isolados", disse, no dia 23 de junho.

No áudio, ele afirma que índios isolados estariam saindo de suas aldeias para "importunar" indígenas da etnia marubo.

"Não estou aqui pra desarmar ninguém, também não estou aqui pra ser falso e levantar bandeira de paz. Eu passei muito tempo da minha vida evitando a guerra, mas se a guerra vier, nós também não vamos correr. Se vierem na terra de vocês, vocês têm todo o direito de se defender", diz.

A Funai esclareceu, em nota, que a Política para Proteção de Índios Isolados é executada pela Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recente Contato e localmente pela Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari.

"A Funai acompanha atentamente os relatos dos Marubo do rio Ituí em relação à presença de índios isolados no entorno de suas aldeias, bem como tem envidado todos os esforços para evitar qualquer conflito interétnico na região. Três equipes já foram deslocadas para as aldeias Marubo nos meses de abril, junho e julho. Além disso, as equipes da Funai que desempenham suas funções na Base de Proteção Etnoambiental Ituí seguem atentas ao caso", diz trecho da nota.

A fundação destaca, ainda, que não compactua com qualquer conduta ilícita, bem como com juízos açodados, emitidos antes que seja concluída a rigorosa apuração dos fatos.

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