Diário Oficial do Tocantins publica termo que coloca Wanderlei Barbosa no comando do governo

Diário Oficial do Tocantins publica termo que coloca Wanderlei Barbosa no comando do governo
Documento está assinado pelo próprio governador em exercício e também pelo secretário-chefe da Casa Civil, Rolf Vidal. Wanderlei Barbosa é o governador em exercício do Tocantins

João Guilherme Lobasz/g1

O Diário Oficial do Estado do Tocantins trouxe, na noite desta quarta-feira (20), a publicação do 'Termo de Assunção da Chefia do Poder Executivo', que coloca Wanderlei Barbosa (Sem partido) no comando do Governo do Tocantins. Ele deve cumprir a função pelos próximos seis meses, enquanto durar o afastamento de Mauro Carlesse (PSL) do cargo, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça.

O termo foi assinado pelo próprio Wanderlei e pelo secretário-chefe da Casa Civil do Tocantins, Rolf Vidal, que foi responsável por lavrar o documento. Segundo apuração da TV Anhanguera, a posse foi ainda durante a manhã, em um evento reservado na sede da Procuradoria-Geral do Estado. O deputado Antônio Andrade (PSL), que é presidente da Assembleia Legislativa, é que deu posse a Wanderlei.

Mauro Carlesse foi afastado por suspeita de recebimento de propina e também por suposta interferência em investigações policiais. Ele foi alvo de duas operações simultâneas da Polícia Federal nesta quarta-feira (20).

O Diário Oficial não trouxe publicações relacionadas aos servidores públicos que também tiveram o afastamento determinado pela Justiça, nem nomes de eventuais substitutos. Entre as secretarias afetadas pela operação, a única a publicar algo foi a de Parcerias a Investimentos, com uma portaria assinada por Aleandro Lacerda Gonçalves, identificado como Diretor-Presidente da pasta. O nome de Clausinei Quaresemin, que é um dos secretários afastados do cargo, não é citado. Cristiano Sampaio, da Segurança Pública, também não aparece no Diário.

Durante a tarde, Wanderlei Barbosa esteve na sede da Justiça Federal, onde ficou por cerca de 20 minutos. Ele não quis dar declarações e disse ainda estar se atualizando sobre a situação. Afirmou ainda que a população pode ficar tranquila. Ao ser perguntado se acreditava na inocência de Mauro Carlesse, preferiu não responder.

Quem é Wanderlei Barbosa?

Wanderlei tem 57 anos e é natural de Porto Nacional, na região central do estado. Ele começou a carreira política em 1989, quando se elegeu vereador pelo município. Em 1996 migrou para a capital e se elegeu vereador por Palmas, cargo que ocupou por vários mandatos sucessivos até 2010, chegando a presidir a câmara municipal ao longo de quatro anos.

Em 2010 se elegeu para o primeiro de dois mandatos como deputado estadual. Ele permaneceu nesta função até 2018, quando se afastou para disputar a eleição suplementar ao lado de Carlesse como vice-governador na chapa que acabou vencedora. A disputa foi convocada por causa da cassação de Marcelo Miranda e Claudia Lelis dos cargos de governador e vice.

Wanderlei é casado com Blandina Vieira Leite Castro e pai de Ygor Leonardo Castro Leite, Rérison Antonio Castro Leite e Rosa Maria Castro Leite. Ele também é filho de Fenelon Barbosa, o primeiro prefeito de Palmas, quando a cidade foi fundada em 1989.

Um dos filhos do governador em exercício, Rérison Antonio, foi nomeado presidente da Agência de Metrologia do Tocantins em 2019 e segue ocupando o cargo.

Ao longo dos últimos anos, Wanderlei Barbosa trabalhou em sintonia com o governador Mauro Carlesse e evitou se envolver em polêmicas. Ele foi escolhido para encabeçar ações como o combate à queimadas no último período de estiagem, representou o governo em entregas de obras e também em reuniões a que o governador não pode comparecer.

As investigações

As investigações que resultaram no afastamento de Calesse são resultado de duas operações da PF, denominadas Éris e Hygea.

O foco da Éris é desarticular uma suposta organização criminosa, que atuaria na Secretaria de Segurança Pública obstruindo investigações e vazando informações aos investigados.

A Hygea busca desmantelar um suposto esquema de pagamento de vantagens indevidas relacionadas ao Plansaúde, plano de saúde dos servidores estaduais.

A apuração, que teve início há cerca de dois anos, estima que cerca de R$ 44 milhões tenham sido pagos a título de vantagens indevidas. Os valores podem ser maiores, já que a participação de outras empresas no esquema ainda é investigada.

Pela manhã, a Polícia Federal fez buscas na casa de Carlesse e na sede do governo do Tocantins. Foram apreendidos dois veículos do governador, levados para a sede da PF em Palmas.

Segundo a PF, as buscas desta quarta-feira fizeram parte de duas operações complementares, que investigam:

pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais;

obstrução de investigações;

incorporação de recursos públicos desviados.

Além do governador, também foram alvos de mandados de busca e apreensão secretários estaduais, entre os quais Cristiano Sampaio, da Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, que também teve o afastamento do cargo determinado pelo STJ.

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