Belarus ameaça fechar gasoduto que abastece a Europa em meio à crise migratória

Belarus ameaça fechar gasoduto que abastece a Europa em meio à crise migratória
Várias autoridades europeias fizeram duras críticas ao regime de Lukashenko nos últimos dias, acusando Belarus de levar os migrantes para a fronteira com a Polônia, em uma tentativa de desestabilizar o bloco. Alexander Lukashenko, ditador de Belarus, em foto de 26 de abril

Sergei Sheleg/BelTA Pool Photo via AP, File

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ameaçou nesta quinta-feira (11) fechar um importante gasoduto que leva gás natural da Rússia para a União Europeia (UE) se seu governo for alvo de novas sanções por causa da crise migratória na fronteira entre o país e a Polônia.

“Estamos aquecendo a Europa e eles estão ameaçando fechar a fronteira”, disse Lukashenko, citado pela agência estatal Belta. “E se cortamos o gás para eles? Portanto, recomendo que os líderes da Polônia, da Lituânia e outras pessoas descerebradas pensem antes de falar.”

A ameaça, que ocorre em meio a uma crise energética na Europa, foi uma resposta às declarações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de que a UE ampliará as sanções contra Belarus, um movimento que provavelmente será coordenado com os Estados Unidos e o Reino Unido.

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Várias autoridades europeias fizeram duras críticas ao regime de Lukashenko nos últimos dias, acusando Belarus de levar os migrantes para a fronteira com a Polônia, em uma tentativa de desestabilizar o bloco.

Cerca de 20% do gás enviado pela Rússia à UE até agora neste ano passou por Belarus, segundo dados levantados pela agência Bloomberg. Na quarta (10), a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para que ele pressione Lukashenko, seu aliado, a recuar.

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A crise energética fez os preços do gás natural dispararem em toda a Europa, em um outro capítulo da disputa do bloco com a Rússia. Algumas autoridades da UE acusam Putin de utilizar o recurso como uma arma estratégica para forçar o início das operações do recém-construído gasoduto Nord Stream 2, que ligará o país diretamente à Alemanha.

Williem Coppoolse, consultor do setor de gás com ampla experiência em lidar com os russos, sugeriu em entrevista ao jornal espanhol “El País” que a ameaça de Belarus é vazia.

“Claro que teria um impacto no preço do gás, mas Lukashenko não o fará, a Gazprom [estatal russa] é dona do gasoduto bielorrusso”, disse ele. “É só um jogo. Lukashenko diz bobagens e os russos riem porque serve para alarmar os europeus ingênuos. É o humor soviético”, acrescentou.