Por que Biden diz agora que busca a reeleição?

Por que Biden diz agora que busca a reeleição?
Presidente americano descarta a tese de que idade avançada seria empecilho para um segundo mandato. Joe Biden durante entrevista coletiva no dia 25 de janeiro de 2021

Kevin Lamarque/Reuters

Eis que a Casa Branca confirma que o presidente Joe Biden faz planos para concorrer ao segundo mandato em 2024, contrariando a tese de que a idade avançada poderia ser um empecilho. Se reeleito, ele se tornaria, novamente, o presidente mais idoso dos EUA, com 82 anos completados ao tomar posse em janeiro de 2025.

Cabe a Biden a prerrogativa de decidir disputar novamente a presidência pelo Partido Democrata. Porém, sua candidatura é envolta em ceticismo, sobretudo nos círculos internos. Ao anunciar a intenção de buscar o segundo mandato, ele tenta tirar o foco das especulações e acalmar os ânimos, diante da possibilidade de um retorno dos republicanos ao poder.

O presidente americano parece estar disposto a afastar a impressão de fraqueza, no comando de um governo com hora para acabar e à espera de um fim melancólico. Se, durante as primárias democratas, ele disse que se via como uma figura de transição, capaz de derrotar Donald Trump, o discurso agora mudou e pode ter sido alimentado pela perspectiva de enfrentar novamente o ex-presidente republicano.

O primeiro ano na Casa Branca não tem sido fácil para Biden, que viu sua popularidade despencar ao nível mais baixo registrado, no mesmo período, entre seus antecessores. Os índices de desaprovação crescem, motivados pela insatisfação com o aumento da inflação.

Da desastrosa retirada do Afeganistão ao desgaste provocado pelos efeitos da pandemia e pela resistência de parte dos americanos a se vacinar, ele ainda teve que costurar brigas internas e ruidosas dentro de seu partido. Amargou uma derrota importante no governo da Virgínia e uma vitória apertada em Nova Jersey.

Diante disso, a aprovação do pacote de US $1,2 trilhão para projetos de infraestrutura não trouxe o alívio esperado, apesar de ser o maior investimento federal no setor em uma década. Outro pacote, de gastos sociais e iniciativas para conter o aquecimento global, impulsionado pela ala progressista do partido, foi finalmente aprovado pela Câmara.

Mas a oposição de dois senadores democratas, que se definem como moderados, forçou o presidente a abrir mão de propostas sociais ambiciosas e a reduzir seu tamanho de US $3,5 trilhões para US$ 1,75 trilhão. Ainda assim, a aprovação no Senado, onde os democratas só têm a maioria de um voto -- o da vice-presidente Kamala Harris -- não está assegurada.

Biden ainda espera que a injeção de estímulos surta efeito antes das eleições de meio de mandato, em novembro do próximo ano, que renovará parte da Câmara e do Senado. Cotada como sua sucessora natural, a vice Kamala Harris ainda não disse a que veio e registra rejeição maior do que a de seu chefe.

O presidente reaviva, assim, a intenção de prorrogar a permanência na Casa Branca por mais quatro anos. A decisão é anunciada na esteira de um check-up médico realizado na semana passada, que o considerou totalmente apto para o cargo. Por enquanto, Biden deixa claro que se mantém firme no jogo.