Indígenas Macuxi e Wapichana aprendem a fazer monitoramento ambiental de terras via satélite

Indígenas Macuxi e Wapichana aprendem a fazer monitoramento ambiental de terras via satélite
Cursos ocorreram no Instituto Insikiran, na UFRR. Novas ferramentas visam auxiliar os indígenas a melhorar gestão territorial, além de monitorar avanço de queimadas, invasões, desmatamento e garimpo ilegais. Indígenas participam de capacitação

Divulgação/Projeto Bem Viver

Lideranças indígenas e colaboradores do Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR) participaram de duas capacitações para a utilização de ferramentas de monitoramento ambiental de terras indígenas utilizando dados de satélites. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (10).

Os cursos foram realizados por meio de parceira entre o projeto Bem Viver e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Participaram 17 indígenas dos povos Macuxi e Wapichana.

Os indígenas foram preparados para utilizarem o Sistema de Observação da Amazônia Indígena (Somai) e Alerta Clima Indígena (ACI) na gestão de Terras Indígenas.

As aulas ocorreram nos dias 6 a 8 de dezembro no Instituto Insikiran da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. Participaram dez lideranças indígenas de seis terras Indígenas, das regiões Raposa, Baixo Cotingo, Surumu, Serra da Lua, Tabaio, Murupu, São Marcos, e Alto Cauamé, além de sete integrantes do Departamento Ambiental do CIR.

Os cursos foram divididos em módulos que abrangeram desde a compreensão das plataformas Somai e ACI, à apresentação e coleta de bases de dados, e a prática de elaboração de mapas.

Indígenas aprendem a monitorar Terras via satélite

Divulgação/Projeto Bem Viver

A pesquisadora do Ipam, Martha Fellows, ressaltou que os cursos tiveram o objetivo de facilitar o acesso a novas tecnologias para apoiar a autonomia dos indígenas na gestão dos territórios.

“Os indígenas já fazem trabalhos de monitoramento, de vigilância, e os treinamentos fortalecem tanto o trabalho do CIR, quanto também de quem está lá nas comunidades, vivenciando as situações em campo, sejam elas na parte de gestão do território, se por exemplo a comunidade abriu uma roça nova, se uma comunidade está maior, como também de atividades ilegais, como queimadas, invasões, desmatamento e garimpo”, destaca.

Já a coordenadora do Departamento Ambiental do CIR, Sineia do Vale, destacou que os cursos auxiliam as comunidades a conhecer novas ferramentas para monitorar e lidar com os efeitos das mudanças climáticas.

“A partir desses treinamentos as comunidades vão poder fazer junto com a gente os trabalhos de mapeamento, monitoramento territorial, além do monitoramento de cheias, secas e queimadas”, disse.

Em Roraima há 32 Terras Indígenas demarcadas e homologadas, entre elas a Raposa Serra do Sol, com 1,7 milhão, e a Terra Indígena Yanomami, a maior do país com 9,7 milhões de hectares.

Iniciado em 2019, o projeto Bem Viver é voltado para a construção dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA"s) das Terras Indígenas Raposa Serra do Sol e Wai Wai, ambas em Roraima.

O projeto é realizado pelo Conselho Indígena de Roraima, Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e Natureza e Cultura Internacional (NCI) com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID).