Professora transforma cultivo da rosa do deserto em fonte de renda no Acre

Professora transforma cultivo da rosa do deserto em fonte de renda no Acre
Cultivo começou como hobby e virou fonte de renda. Elmira produz as mudas no quintal de casa, no quilômetro 19 da BR-364, em Rio Branco e vende de R$ 10 a R$ 100. Professora transforma cultivo da rosa do deserto em fonte de renda no Acre

Reprodução/Rede Amazônica

A paixão pelas flores transformou o hobby em fonte de renda para a professora Francisca Elmira de Queiroz. Ela decidiu produzir mudas de rosa do deserto no quintal de casa, no quilômetro 19 da BR-364, em Rio Branco, em plena região Amazônica, e hoje vende a planta de R$ 10 a R$ 100.

Linda, vibrante e resistente. Assim é a rosa-do-deserto. O nome mesmo já diz: planta típica de clima desértico ou árido, acostumada a resistir a ambientes com intensa insolação e bem oxigenados. Apesar da beleza, é uma planta com seiva tóxica, que pode causar insuficiência respiratória e outros sintomas de mal-estar caso seja ingerida por pessoas e animais.

Nativa do norte da África, ela não costuma se dar bem em baixas temperaturas e solo encharcado. Tudo isso chamou a atenção da professora que decidiu aprender tudo sobre a planta.

“Comecei com a rosa do deserto. Comprei uma, me apaixonei pela floração e comecei a estudar como fazer essa cruza entre elas. Aprendi pela internet, vendo vídeos, fazendo, errando, aprendendo e foi surgindo novas oportunidades, conversando com pessoas que também cultivam, mas basicamente minha vida era entre as rosas e a internet”, lembra.

A professora explica que a planta não se desenvolve em terra comum para o cultivo e, por isso, precisa de cuidados específicos.

“Elas precisam de um substrato bem específico, que seja aguado e ela não fique empapada dentro da raiz. Pego a casca da castanha, da palheira e o carvão desse que usamos para fazer churrasco, trituro tudo e misturo três partes iguais e faço o substrato. É isso que utilizo para fazer minhas rosas florirem bem mais cedo e crescerem bastante”, conta.

O que começou há três anos como um hobby, se tornou muito além disso. Depois de anos aprendendo a arte do cultivo de plantas ornamentais, com foco nas rosas do deserto, hoje a professora tem cerca de duas mil mudas da planta. Com os processos que ela desenvolveu, outras variações da planta foram surgindo.

Existem rosas do deserto com floragem simples, com apenas uma camada de pétalas; com floragem dupla, com duas camadas; e até a quadrupla, com quatro camadas.

Cultivo começou como hobby e virou fonte de renda para professora no AC

Reprodução/Rede Amazônica

Técnicas

Elmira conta que fez testes com o processo de enxerto para chegar a esses resultados.

“Eu conheço três procedimentos, o que eu fiz do plástico que você coloca e ele segura na outra parte, o da estaca que você coloca na cavidade e amarra e da cola que você coloca para colar uma em cima da outra. Se fizer com uma parte da planta que não tem gema, não tem brotação, é muito importante que conheça a parte onde sai a folha. Depois disso, primeiro, fica de 10 a 15 dias sem pegar sol direto, e segundo, não pode ir água onde foi feito o enxerto, só na raiz. É uma cirurgia, tem que ter todo um cuidado.”

Outra técnica que a professora domina é a do cruzamento por polinização. Ela retira o pólen de uma flor com o uso de um palito de dente e germina o pólen no núcleo de uma outra rosa-do-deserto, que pode ou não ser da mesma coloração.

Assim, surgem vagens da planta, de onde saem novas sementes. Só em um recipiente, ela tem mais de 200 brotos germinados.

A professora também aprendeu o cultivo de outras plantas ornamentais como cactos, suculentas e samambaias. Para abrigar as plantas do sol, um viveiro foi montado no quintal da casa. Ela também montou um espaço ao lado de um pequeno açude, onde faz um ensaio paisagista usando as plantas que produz.

Ela comercializa as mudas e flores em feiras livres, pelo menos, duas vezes por semana. A renda com os produtos acaba complementando na renda principal da professora.

“Na polinização, se eu pego uma planta diferente e cruzar vai sair uma nova flor com certeza. Já saiu algumas e eu até já vendi elas e vou ficando com a matriz para fazer novas. E adquiro também de fora do estado algumas que eu não tinha aqui, para fazer a enxertia e ter sempre uma novidade para as clientes.”

Conheça a planta ornamental rosa-do-deserto que possui várias colorações e qualidades

Melhora para saúde e meio ambiente

As plantas ornamentais vão muito além de meros enfeites. Doutora em agronomia, Almecina Balbino Ferreira explica que as plantas ornamentais representam uma ferramenta para melhora da saúde e do ambiente nas grandes cidades.

“Ultimamente tem se aumentado muito o número de pessoas que buscam informações sobre o cultivo de plantas ornamentais, devido as mesmas trazerem benefícios para a saúde humana, como por exemplo a diminuição do índice de estresse. Outro benefício é que deixa o ambiente mais leve, mais purificado e a questão também da humidificação do ambiente. Então, são plantas que trazem tanto beneficio ao ser humano quanto ao meio ambiente”, informou.

Ainda segundo a especialista, mais pessoas têm procurado por plantas ornamentais para o cultivo. “As plantas ornamentais também podem ser uma fonte de renda para as pessoas. Temos a costela de adão, que muitas estão cultivando para a venda e a rosa do deserto.”

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