EUA e Reino Unido ordenam saída das famílias de funcionários de suas embaixadas na Ucrânia

EUA e Reino Unido ordenam saída das famílias de funcionários de suas embaixadas na Ucrânia
Departamento de Estado americano afirmou que decisão foi tomada 'devido à ameaça persistente de uma operação militar russa' no país. Otan vai enviar tropas, aviões e navios ao leste da Europa. Reino Unido começa a retirar funcionários de embaixada na Ucrânia

Em meio à escalada de tensão da Rússia com a Ucrânia, os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido ordenaram que as famílias dos funcionários de suas embaixadas deixem em Kiev, a capital da Ucrânia, e a Otan anunciou que vai enviar mais tropas para o leste da Europa.

Os países ocidentais temem que a Rússia invada novamente a Ucrânia (veja mais abaixo). O governo russo posicionou mais de 100 mil soldados na fronteira e tem feito exercícios militares com Belarus, outro país que fazia parte da União Soviética, mas nega que vá promover uma invasão.

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O Departamento de Estado americano afirmou no domingo (23) que a decisão foi tomada "devido à ameaça persistente de uma operação militar russa" no país vizinho. A Embaixada britânica já começou a retirada e disse que a medida inclui não só dependentes, mas também alguns funcionários.

Mulher caminha em frente à embaixada dos Estados Unidos em Kiev, capital da Ucrânia, em 24 de janeiro de 2022

Efrem Lukatsky/AP

O comunicado do governo dos EUA diz também que funcionários não essenciais da embaixada podem deixá-la se desejarem e recomenda aos cidadãos americanos que residem na Ucrânia que "devem agora considerar" deixar o país em voos comerciais ou outros meios de transporte.

A embaixada dos EUA afirmou que "ação militar da Rússia pode acontecer a qualquer momento" e que autoridades "não estarão em condições de evacuar cidadãos americanos em tal contingência". "Portanto, os cidadãos dos EUA atualmente presentes na Ucrânia devem se planejar adequadamente".

Os anúncios ocorrem dias após os chefes da diplomacia dos EUA e da Rússia, Antony Blinken e Sergey Lavrov se reunirem para discutir a crise da Ucrânia. No fim de semana, foi a vez dos ministros da Defesa britânico e russo, Ben Wallace e Serguei Shoigu, também se encontrarem.

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Otan envia tropas

Os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciaram nesta segunda-feira (24) que vão reforçar a capacidade de defesa no leste da Europa, enviando tropas, aviões e navios para contrabalançar a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia.

"A Otan continuará tomando todas as medidas necessárias para proteger e defender todos os aliados, inclusive reforçando a parte oriental da aliança", afirmou seu secretário-geral, Jens Stoltenberg.

A Otan é uma aliança político-militar dos EUA e do Canadá com países europeus que foi fundada em 1949, durante a Guerra Fria, para inibir o avanço da União Soviética na Europa e a proteger mutuamente os países-membros (pelo tratado, se um membro for atacado os demais devem reagir).

Com o fim da União Soviética e o colapso do bloco soviético, a Otan passou a se expandir em direção ao leste europeu, quase dobrando de tamanho (atualmente a organização tem quase 30 Estados-membros).

Países que faziam parte da União Soviética, como a Estônia, a Letônia e a Lituânia, ou ex-aliados da Rússia no Pacto de Varsóvia, como a Polônia, hoje estão sob influência da Otan — o que a Rússia não aceita e considera uma ameaça.

O que a Rússia quer

A organização também afirmou nesta segunda que a Espanha "está considerando enviar aviões de combate para a Bulgária", que a Holanda enviará caças ao mesmo país e a França "manifestou sua disposição de enviar tropas para a Romênia".

A declaração ocorre três dias após o governo russo exigir a retirada das tropas da Otan da Romênia e da Bulgária, países que fazem parte da aliança político-militar e antigamente eram da área de influência da Rússia.

"Trata-se da retirada de forças estrangeiras, de material e de armamento, assim como outras medidas, para voltar à situação de 1997 nos países que não eram então membros da Otan. É o caso da Romênia e da Bulgária", afirmou na sexta-feira (21) o Ministério das Ralações Exteriores russo.

O governo russo quer não só que a Otan pare de ampliar a sua área de influência como deseja que a aliança político-militar recue e se afaste de países do leste europeu, como Belarus e a Ucrânia.

Invasão à Ucrânia

Por isso a Rússia invadiu a Ucrânia em 2014 e anexou a região da Crimeia, em 2014, e agora deslocou o Exército para a fronteira com o país. Os russos também exigem que a Otan proíba a entrada da Ucrânia na organização — o que os países ocidentais rejeitam.

Na época, manifestantes derrubaram o então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, que havia desistido de assinar um tratado de livre-comércio com a União Europeia e preferiu estreitar relações comerciais com a Rússia.

A decisão deu origem a protestos em massa que resultaram na destituição de Yanukovich, que fugiu para a Rússia. Os russos então reagiram e invadiram a Crimeia, sob protesto dos EUA, da União Europeia e da Otan, e seguem controlando a região até hoje.

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A organização também afirmou eque a Espanha "está considerando enviar aviões de combate para a Bulgária", que a Holanda enviará caças ao mesmo país e a França "manifestou sua disposição de enviar tropas para a Romênia".