Risco cardiovascular pode significar pior prognóstico cognitivo para mulheres na meia-idade

Risco cardiovascular pode significar pior prognóstico cognitivo para mulheres na meia-idade
Estudo acompanhou 1.857 pessoas, entre 50 e 69 anos, que se submeteram a avaliações periódicas para medir sua aptidão mental Embora os homens de meia-idade sejam mais propensos a ter doenças cardiovasculares, somando fatores de risco como tabagismo, pressão alta e diabetes, o impacto dessas condições na capacidade cognitiva das mulheres, na mesma faixa etária, pode ser mais negativo. Trata-se do resultado de trabalho divulgado no começo do mês pela Academia Americana de Neurologia, que congrega 36 mil membros. O estudo acompanhou 1.857 pessoas, entre 50 e 69 anos, que não apresentavam sinais de demência no início do monitoramento. O grupo realizou exames a cada 15 meses durante três anos, incluindo testes de memória, linguagem e habilidade espacial, de forma a calcular uma pontuação cognitiva, que mede a aptidão da capacidade mental do indivíduo.

Risco cardiovascular pode significar pior prognóstico cognitivo para mulheres na meia idade

Gerhard Bögner para Pixabay

Dos participantes, 79% tinham pelo menos um dos fatores de risco citados anteriormente: 83% dos homens e 75% das mulheres manifestavam algum problema. O que os pesquisadores descobriram é que, para elas, havia uma relação bem mais forte entre condições cardiovasculares alteradas e um impacto negativo nas funções cognitivas. Por exemplo, no caso de doença coronariana, dobrava a probabilidade de a pontuação cognitiva feminina ser menor. O estudo não garante que, necessariamente, as mulheres com fatores de risco enfrentarão declínio cognitivo na meia-idade, mas aponta uma associação entre esses elementos. As mudanças hormonais ocorridas no climatério também podem ter papel no processo. De acordo com Michelle M. Mielke, PhD da Clíncia Mayo Clinic e membro da Academia Americana de Neurologia, é preciso investigar as diferenças de gênero e sua relação com biomarcadores de enfermidades no cérebro.

Divulgado ontem, outro estudo lança luz sobre as diferenças de gênero. De acordo com o setor da American Heart Association dedicado aos AVEs (acidentes vasculares encefálico, popularmente conhecidos como derrames), as mulheres até 35 anos têm 44% mais chances de um acidente vascular isquêmico – que é causado pela obstrução dos vasos sanguíneos – que os homens de faixa etária similar. Trata-se do resultado da revisão de 16 trabalhos publicados entre 2008 e 2021, com quase 70 mil pessoas. Depois de um derrame, as mulheres jovens também apresentam risco aumentado de duas a três vezes para algum tipo de comprometimento funcional. Entretanto, vale registrar que apenas 15% desses eventos ocorrem em adultos com menos de 50 anos.