Feira Internacional de alimentos e bebidas mostra inovações do setor

Feira Internacional de alimentos e bebidas mostra inovações do setor

As novidades do setor de alimentos e bebidas estão sendo exibidos na Anufood Brazil - Feira Internacional para o Setor de Alimentos e Bebidas, aberta na terça-feira (12) na São Paulo Expo, na capital paulista. A terceira edição da feira reúne 300 expositores de 16 países e mais de 900 marcas de produtos nacionais e importados, e segue até amanhã (14).

A mostra tem lançamentos, novidades e inovação de dez setores importantes para os profissionais do varejo, food service, hotelaria, distribuição e demais agentes na cadeia de valor do setor de alimentos e bebidas.

A Anufood Brazil é a versão sul-americana da Anuga, maior evento mundial do setor de alimentos e bebidas, e conta com pavilhões internacionais dos Estados Unidos, Argentina, Peru, Uruguai, Itália, Alemanha, Turquia, Indonésia e Sri Lanka e sete pavilhões nacionais.

Faturamento

De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), a indústria brasileira de alimentos fechou o ano de 2021 com faturamento de R$ 922,6 bilhões, resultado 16,9% superior ao registrado em 2020. O montante representa 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) estimado para o ano passado.

Além dos produtos inovadores nacionais e internacionais, a feira apresenta inúmeras atrações para os visitantes.

Tecnologias sustentáveis

Entre as novidades apresentadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Meio Ambiente estão as tecnologias sustentáveis, entre elas a produção integrada de morango, produção de mel e polinização de culturas na agricultura pelas abelhas nativas e a carne de fibra de caju.

A carne de fibra de caju é o que compõe comidas como hambúrguer, almôndegas, bolinho de feijoada, falafel e carne moída da Amazônika Mundi, presente no estande da Embrapa. O estudo de elaboração de hambúrgueres à base de plantas a partir de fibra de caju e proteína vegetal foi conduzido pela Embrapa que firmou parceria com a empresa para o desenvolvimento da tecnologia por meio do programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

Mas a inspiração dos empreendedores de Niterói (RJ) veio de uma música do Alceu Valença. “A inspiração veio da música Morena Tropicana [pela macia, é carne de caju]. Então a gente criou o primeiro projeto com a Embrapa para utilizar o bagaço do caju, antes descartado pelas indústrias [de suco]. Algo entre 300 mil de toneladas são descartadas todo ano no país. A gente transformou esse bagaço numa fibra alimentar, numa biomassa e assim nasceu a primeira fibra alimentar legitimamente brasileira”, explicou o diretor comercial Bruno Rosolem.

Quem visita o estande pode experimentar o falafel e o nhoque de carne de fibra de caju, que tem ingredientes tipicamente amazônicos, como o tucupi preto, a pimenta indígena assîsî, o óleo de patauá e o feijão-manteiguinha de Santarém (PA).

Os ingredientes são comprados das comunidades amazônicas. “Fomos convidados pela Embrapa para conhecer outros centros de pesquisa e a gente foi para o Pará e na floresta amazônica conhecemos alternativas para os nossos ingredientes. Por exemplo, a gente utilizava o extrato de beterraba, e descobrimos que a gente podia utilizar o açaí, que é similar em antioxidante e é nosso, é brasileiro. Fomos substituindo esses ingredientes e criamos um projeto onde, além da gente comprar esses ingredientes das comunidades, a gente ainda paga um pay back [retorno]”.

Em cada caixa vendida pela Amazônika, 10 centavos retornam para as comunidades que vendem os ingredientes. “Foi uma forma que a gente encontrou de manter a floresta em pé. Afinal de contas eles são os grandes guardiões da floresta, são as pessoas que estão lá no dia a dia, então a gente criou essa forma, junto com a Origens Brasil, de manter a floresta em pé, comprando e mantendo esses ingredientes e essa cadeia viva dentro da floresta”, disse Bruno, acrescentando que a proposta é levar para a mesa produtos saudáveis, sustentáveis, saborosos, brasileiros, com preços acessíveis.

Morango

Natural, congelado, liofilizado, desidratado e passa. Assim é a produção integrada do morango feita pela Fazenda Staw Agriculcultura, com sede em Pinhalão (PR), parceira da Embrapa. A produção integrada é um sistema de produção sustentável eficiente na aplicação de recursos naturais e na substituição de insumos poluentes, que utiliza monitoramento dos procedimentos e rastreabilidade em todo o processo.

A produtora de morangos tem o Selo Brasil Certificado, primeiro morango do estado do Paraná a receber este selo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na Produção Integrada de Morango (PIMo).

“Temos uma fábrica dentro da fazenda, então os morangos saem do pé, são processados no mesmo dia. Com a tecnologia e a parceria da Embrapa, a gente consegue desenvolver sempre produtos novos a base de morangos, como ainda licor de morango, o purê e o morango em calda. E esse selo é muito bacana porque temos rastreabilidade, sustentabilidade e qualidade, então é um selo que agrega muito valor ao produto final do produtor”, explica a proprietária Ingrid Souza. Além do Brasil Certificado, a Staw também tem o selo Orgânico do Brasil.

O diferencial da produtora, além dos novos produtos, é a rastreabilidade do morango. “Todo o processo é rastreável, desde o plantio até a armazenagem a gente rastreia. Também fazemos o uso correto da água. No nosso sistema de irrigação, para produzir um quilo de morango a gente usa 54 litros de água. No sistema convencional são 274 litros de água, então a gente tem uma economia de 220 litros de água. Mas o selo olha mais para o manejo, a rastreabilidade, a qualidade, a higiene e a responsabilidade no uso de produtos agrícolas. Hoje como somos orgânicos só fazemos o controle biológico e a nutrição orgânica. Estamos sempre procurando novas tecnologias e de olho também no impacto ambiental”, disse Ingrid.

Variedades do mel

O mel das abelhas sem ferrão brasileiras vem ganhando espaço na alta gastronomia, por seus sabores exóticos e únicos, explica o pesquisador da Embrapa Cristiano Menezes.

“Cada espécie de abelha sem ferrão vai fazer o mel peculiar, diferente, que tem sabores exóticos. Por exemplo, tem mel azedo, mel levemente salgado, tem uma diversidade grande. O desafio é atingir escala. A nossa tecnologia visa multiplicar as colônias para essa finalidade”, explicou.

Além da produção de mel, as abelhas têm seu papel fundamental na polinização. “Ao buscar o néctar e o pólen nas flores, para se alimentar, as abelhas transferem os grãos de pólen de flor em flor e a grande maioria das plantas precisam desse processo para produzir frutos e sementes. Então a presença das abelhas nos cultivos aumenta a produtividade e melhora a qualidade dos frutos que eles cultivam”, disse Menezes.

Cada cultivo tem o seu polinizador adequado, detalha o pesquisador. “Morango, por exemplo, é polinizado por várias espécies de abelhas, inclusive africanizada, mas as pequenininhas, as jataís, por exemplo, elas andam nas flores de uma forma diferente, então ela poliniza áreas da flor que africana não poliniza, então elas se complementam e tem alguns cultivos que são exclusivamente polinizados por abelhas sem ferrão, por exemplo, o açaí, que não são atrativas para as abelhas grandes”.

O mercado está demandando esse tipo de mel diferente, que vem entrando nessa vertente dos méis especiais, para serem usados como um elemento da culinária especial, mas o desafio é a produção em escala, disse o pesquisador.

“O desafio é fazer em larga escala, que está sendo demandada por chefes de cozinha, além das pessoas, que em feiras como essas começam a conhecer essa diversidade de méis, que antes era tudo uma coisa só, agora eles estão entendendo toda essa diversidade que existe”, disse Menezes.