Oito trabalhadores estão presos há mais de 30 dias numa mina no Burkina Faso; esperança de resgatá-los vivos diminui a cada dia

Oito trabalhadores estão presos há mais de 30 dias numa mina no Burkina Faso; esperança de resgatá-los vivos diminui a cada dia
Familiares não perdem as esperanças, pois mina tem abrigos para acidentes. Chefe da empresa responsável, no entanto, recomenda ser 'realista' sobre a chance de que estejam vivos. Oito trabalhadores estão presos há mais de 30 dias numa mina no Burkina Faso

Há mais de um mês, oito trabalhadores da mina Perkoa, no Burkina Faso (oeste da África), estão presos a centenas de metros de profundidade após uma enchente ter bloqueado sua saída.

As equipes de resgate estão bombeando água para fora da mina para chegar a uma câmara de refúgio (um lugar preparado para abrigar os trabalhadores no caso de algum desmoronamento) na tentativa resgatá-los com vida.

Operação de resgate em mina em Burkina Faso

Anne Mimault/Reuters

Mas, com o passar do tempo, a esperança de encontrá-los vivos vai diminuindo. Entre os homens presos estão seis cidadãos de Burkina Faso, um da Tanzânia e um da Zâmbia.

Enquanto a maioria dos trabalhadores conseguiu deixar o local com segurança quando a água subiu, os oito desaparecidos estavam abaixo do nível 520 (que fica a 520 metros da superfície), no momento da inundação, disse a empresa.

Há duas câmaras de segurança abastecidas com comida e água abaixo desse nível, mas não se sabe se algum dos homens conseguiu alcançá-las.

"Sempre há esperança, mas também temos que ser realistas", disse Ricus Grimbeek o CEO da empresa canadense que opera a mina, Trevali Mining Corp.

"Essas câmaras não são projetadas para serem submersas em água. As câmaras são desenhadas para desmoronamentos e quando há ambiente tóxico, como com fumaça", explicou.

No último domingo, os socorristas estavam a 3,5 metros de onde se acredita que os mineiros podem estar abrigados.

Mapa da mina de Perkoa, em Burkina Faso

g1

As equipes de resgate dizem que a operação está progredindo lentamente, pois eles precisam bombear 2,5 milhões de litros de água para cada metro de profundidade. Seu equipamento também está ficando entupido.

A equipe de resgate recebeu novas bombas e equipamentos da África do Sul e Gana para trabalhar mais rápido e também considera enviar mergulhadores.

Mas os mergulhadores podem achar difícil enxergar através da água lamacenta da mina.

A Trevali Mining Corp anunciou em 16 de abril o "desaparecimento" de oito mineiros, depois que a mina de zinco Perkoa sofreu inundação por fortes chuvas inesperadas.

"Foi depois de um alerta de evacuação emitido após a inundação do local que se constatou a ausência dos mineradores e que começou a operação de resgate" com a ajuda de bombeiros e engenheiros, explicou um trabalhador da mina.

O primeiro-ministro de Burkina Faso, Albert Ouedraogo, visitou a mina e afirmou que a tragédia é responsabilidade daqueles que estavam a cargo dela.

Ouedraogo anunciou a abertura de uma investigação para determinar as responsabilidades e disse que os funcionários da companhia não seriam autorizados a deixar o país enquanto isso.

Executivos da Trevali Mining Corp disseram que a empresa foi pega de surpresa pela chuva torrencial durante a estação seca do mês passado no Burkina Faso

"Dada a estação seca, obviamente, não esperamos essa chuva torrencial absoluta", disse Hein Frey, vice-presidente de operações de Trevali. "Não somos apenas nós que fomos afetados, são também as comunidades ao nosso redor que foram afetadas por chuvas completamente inesperadas".