Bolsonaro acusa Alexandre de Moraes de abuso de autoridade e apresenta ao STF notícia-crime contra o ministro
O presidente Jair Bolsonaro apresentou notícia-crime no Supremo Tribunal Federal contra o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro acusa Moraes de abuso de autoridade. Ele argumenta que o chamado inquérito das fake news, no qual é investigado, não se justifica. Segundo o blog apurou, Alexandre de Moraes não se manifestará nesta terça-feira sobre a ação, que tramita em segredo de Justiça — o relator será o ministro Dias Toffoli.O inquérito das fake news foi aberto em março de 2019 para investigar notícias fraudulentas, ofensas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal. Em agosto do ano passado, Bolsonaro foi incluído como investigado no inquérito devido aos ataques, sem provas, feitos por ele às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. Mesmo após eleito, Bolsonaro tem feito nos últimos três anos reiteradas declarações colocando em dúvida a lisura do processo eleitoral.Segundo o presidente, o inquérito tem prazo "exagerado", não respeita o contraditório e não há fato ilícito a ser apurado. Ele também afirma que não obteve permissão para ter acesso aos autos do processo.A argumentação de Bolsonaro contraria decisão do próprio Supremo Tribunal Federal. Em 18 de junho de 2020, o plenário do STF decidiu, por 10 votos a 1, a favor da legalidade do inquérito, que, por isso, pôde prosseguir.Pré-candidato à reeleição, Bolsonaro vem levantando suspeitas sem provas sobre a urna eletrônica, afirmando que não são auditáveis — embora sejam — e defendendo a aplicação de voto impresso, considerado um retrocesso pela Justiça Eleitoral. Nesta segunda-feira, a empresários em São Paulo, Bolsonaro disse — sem apontar um motivo — que as eleições deste ano poderão ser "conturbadas".Dois ministros do STF ouvidos pelo blog na noite desta terça classificaram a ação de Bolsonaro como "factóide" e "diversionismo dos problemas reais"."Como o discurso contra as urnas vem perdendo gás, cria-se uma nova notícia para ocupar espaço e mobilizar a base", declarou um deles.