Rússia intensifica ataques na Ucrânia às vésperas da decisão da União Europeia

Rússia intensifica ataques na Ucrânia às vésperas da decisão da União Europeia
No fim desta semana deve haver uma discussão entre os países da União Europeia para decidir se a Ucrânia recebe o status de candidata a membro. Fumaça sai de depósito de combustíveis em Novomoskovsk, na Ucrânia; local foi destruído após ataque militar russo em 18 de junho de 2022

Reuters

A Rússia intensificou os ataques contra as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste da Ucrânia, nesta segunda-feira (20).

Os 27 países da União Europeia discutem a candidatura da Ucrânia ao bloco em poucos dias. Esta semana deve ser de intensa atividade em torno da possibilidade de adesão da Ucrânia.

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Os países se reúnem na quinta e sexta-feira para decidir se o país pode receber o status de candidato a membro do bloco, decisão que deve ser tomada por unanimidade.

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Nesta segunda-feira "começa uma semana realmente histórica", afirmou Zelensky no domingo em seu discurso diário.

Discussões "construtivas"

A Turquia deu um novo golpe nas esperanças da Finlândia e da Suécia de aderirem em breve à Otan, ao afirmar que a cúpula da Aliança da próxima semana em Madri não garante um prazo para decidir sobre esses pedidos.

O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as negociações entre Turquia, Suécia e Finlândia em Bruxelas foram "construtivas" mas admitiu que a Turquia tem "preocupações legítimas".

A Turquia acusa os dois países nórdicos de abrigar militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como "terrorista" pela Turquia e seus aliados ocidentais.

Um retorno ao carvão

A Rússia usa seus hidrocarbonetos como arma e cortou o fluxo de gás para vários países da União Europeia na semana passada.

As exportações russas de petróleo para a China aumentaram 55% em maio, em comparação com o ano passado.

Em uma tentativa de reduzir a dependência da Rússia e para reduzir o consumo de gás, a Alemanha recorrerá às usinas de carvão.

"É amargo, mas é indispensável", disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck. O governo disse nesta segunda-feira que essa medida é limitada e que a promessa de abandonar o carvão antes de 2030 será cumprida.

A Áustria também anunciou no fim de semana a reativação de uma usina de carvão fechada em 2020.

Preço dos alimentos

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a Rússia está cometendo um verdadeiro crime de guerra ao bloquear as exportações de cereais e grãos ucranianos.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de fazer a África de "refém" ao bloquear as exportações de grãos.

"A África é refém de quem começou a guerra contra nosso Estado", disse o presidente ucraniano em um discurso por videoconferência diante da União Africana, lamentando que o nível injusto dos preços dos alimentos "provocado pela guerra russa está sendo notado dolorosamente em todos os continentes".

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajarova, afirmou que a possibilidade de fome "é culpa dos regimes ocidentais, que atuam como provocadores e destrutores".

Há temores relativos aos preços dos alimentos por causa da invasão.

A Alemanha organiza na sexta-feira uma reunião internacional sobre o assunto, que contará com a participação do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

Exército resiste

"Obviamente esperamos que a Rússia intensifique seus ataques esta semana. Nosso exército resiste", afirmou o presidente ucraniano.

Em seu relatório matinal, a Presidência da Ucrânia informou que há um aumento dos bombardeios na região de Kharkiv e dos ataques "em toda a linha do fronte" em Donetsk, no leste, onde foi registrado um morto e sete feridos.

No Donbass, a cidade de Severodonetsk concentrou a ofensiva para assumir toda esta bacia de mineração oriental, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014.

Os russos controlam a maioria dos bairros residenciais de Severodonetsk, mas se toda a cidade for contabilizada, mais de um terço ainda é controlado pelas forças armadas russas, disse o chefe da administração municipal, Oleksandr Striuk.

Serguei Gaidai, governador de Luhansk, uma das regiões que compõem o Donbass, confirmou na televisão a queda no controle russo de Metiolkine, na periferia de Severodonetsk.

No fronte sul, o exército ucraniano afirma que as forças russas "não conseguem avançar no terreno" e apenas continuam com os bombardeios.

Rússia diz que ucranianos atacaram plataforma de petróleo

Por sua vez, a Rússia acusou as forças ucranianas de terem atacado plataformas de perfuração de petróleo no mar da península da Crimeia.

"Nesta manhã, o inimigo atacou as plataformas de perfuração da Chernomorneftegaz", indicou no Telegram o governador da região, Serguey Aksyonov, nomeado pela Rússia após a anexação da Criema em 2014. "Confirmamos que há três feridos e sete desaparecidos e garantimos que a busca continua", acrescentou.

Restrições hostis

As consequências da guerra continuaram sendo notadas mais além das fronteiras da Ucrânia. A Rússia ameaça a Lituânia, membro da União Europeia, por suas restrições "abertamente hostis" ao trânsito de mercadorias por ferrovia até o enclave russo de Kaliningrado.

O Ministério russo de Relações Exteriores afirmou que, caso o trânsito de bens entre Kaliningrado e o resto do país não seja totalmente restabelecido, o governo russo "reserva o direito de agir para defender seus direitos nacionais".

Tanto a Lituânia como o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmaram que a medida se ajusta às sanções ordenadas pela União Europeia contra Moscou.

O presidente americano, Joe Biden, disse que é "improvável" que visite a Ucrânia durante a viagem que fará pela Europa no final dessa semana.

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