Congresso do Equador retoma debate sobre impeachment de Guillermo Lasso

Congresso do Equador retoma debate sobre impeachment de Guillermo Lasso
Debate começou após divulgação de uma carta de parlamentares ligada ao ex-presidente Rafael Correa, que acusou Lasso de levar o país a uma 'grave crise política'. Na últimas semanas, país registrou vários protestos contra a alta do preços dos combustíveis. Caravana chega a Quito para manifestações, em 15 de junho de 2022

Veronica Lombeida/ AFP

O Congresso do Equador retomou neste domingo (26) o debate sobre o pedido de impeachment do presidente Guillermo Lasso.

Lasso, presidente de direita, é acusado de responsabilidade pelos protestos indígenas que dominaram o país nas últimas duas semanas - em decorrência da alta no preço dos combustíveis.

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O debate foi retomado às 18h deste domingo (20h no horário de Brasília).

No Equador, o impeachment do presidente exige 92 dos 137 apoios possíveis no Congresso. Após os debates, os deputados terão no máximo 72 horas para votar. Se aprovado, o poder seria assumido pelo vice-presidente Alfredo Borrero e eleições presidenciais e legislativas seriam convocadas para o restante do período (até 2025).

No sábado, o debate teve a fala de 30 parlamentares contra e a favor do presidente, em sessão virtual. A oposição ao governo reuniu as 47 assinaturas necessárias para pedir a saída do presidente do poder.

Presidente eleito do Equador, Guillermo Lasso, em foto de 12 de abril

Luisa Gonzales/Arquivo/Reuters

A discussão sobre o impeachment do presidente do Equador começou após a divulgação de um documento do partido União pela Esperança, ligada ao ex-presidente socialista Rafael Correa. Nele, a bancada acusou Lasso de levar o Equador a uma "grave crise política e comoção interna", que abala o país desde 13 de junho, com manifestações e bloqueios quase diários.

"Vamos às eleições antecipadas, deixe Lasso ir para casa", gritou a deputada Pierina Correa, irmã do ex-presidente Rafael Correa.

Lasso, ex-banqueiro que assumiu o cargo há um ano, não compareceu ao debate, mas nomeou seu secretário jurídico, Fabián Pozo, para ler sua defesa. "Os membros da assembleia (...) buscam desestabilizar a democracia", declarou Pozo.

O movimento indígena e o governo realizaram uma primeira reaproximação no sábado, e horas depois Lasso encerrou o estado de exceção que vigorava em seis das 24 províncias do país com um robusto destacamento militar e toques de recolher noturnos.

Mobilizações em Quito

As manifestações em massa em Quito foram seguidas de confrontos com as forças de segurança, alimentados pela repressão policial. Segundo balanço de organizações de direitos humanos, na quinta-feira (23), três pessoas morreram e quase cem ficaram feridas nos protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis.

Manifestantes indígenas montaram bloqueios em Quito

Veronica Lombeida/AFP

De acordo com balanço da agência AFP, só na capital, cerca de 10 mil indígenas protestaram ao grito de "Fora Lasso, fora!".

Em relação as manifestações, o presidente equatoriano atribuiu o caos gerado ao líder dos protestos, Leonidas Iza, presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie).

"Aqui não tem lutador social, aqui tem um anarquista (...) que quer derrubar um governo", disse o presidente em entrevista à CNN no sábado.