Bolívia critica Bolsonaro por oferecer asilo a ex-presidente Áñez no Brasil

Bolívia critica Bolsonaro por oferecer asilo a ex-presidente Áñez no Brasil
Para o governo da Bolívia, o presidente Jair Bolsonaro tenta ingerir em assuntos internos da Bolívia. O ministro de Relações Internacionais lamentou as 'infelizes declarações' do presidente brasileiro. Apoiadores de Jeanine Anéz protestam em La Paz em 14 de junho de 2022

Aizar Raldes/AFP

O governo da Bolívia criticou a proposta do presidente Jair Bolsonaro de conceder asilo político a Jeanine Áñez, condenada a 10 anos de prisão por assumir a presidência após a queda de Evo Morales em 2019.

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"Lamentamos as infelizes declarações, que são absolutamente impertinentes; fazem uma inapropriada ingerência em assuntos internos", disse o ministro de Relações Exteriores boliviano, Rogelio Mayta nesta terça-feira (28).

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"Sob nenhuma concepção é possível aceitar a ingerência nas decisões que soberanamente correspondem à Justiça boliviana", afirmou ele.

Ex-presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, fala com seus advogados em centro de detenção de La Paz, em foto de 13 de março de 2021

Luis Gandarillas/AFP/Arquivo

Além disso, Mayta defendeu a condenação de Áñez e disse que a Bolívia apresentará uma queixa diplomática contra o Brasil.

Bolsonaro declarou no domingo que faria o possível para a ida de Áñez ao Brasil. Ele também afirmou que considera injusta a prisão da ex-presidente interina (2019-2020) da Bolívia.

Áñez, que se define como presa política, agradeceu a Bolsonaro no Twitter. Da penitenciária de La Paz, ela garantiu que não sairá do país.

Como Áñez chegou ao poder

A Justiça considera que Áñez chegou à Presidência de forma inconstitucional em novembro de 2019, após a renúncia de Evo (2006-2019).

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Evo deixou a presidência pois estava sendo pressionado por protestos. Ele havia sido reeleito para um novo mandato, e a Organização de Estados Americanos (OEA) apresentou uma suposta denúncia de fraude eleitoral (posteriormente, essa denúncia foi questionada por diversos estudos).

Áñez era a segunda vice-presidente do Senado. Havia outras pessoas na linha de sucessão: o vice-presidente, a presidente do Senado e o presidente da Câmara. Nenhum deles aceitou assumir o cargo, que acabou com Áñez.

Na ocasião, o Tribunal Constitucional endossou o procedimento que a levou ao poder.

Ela chegou ao poder com a promessa de organizar novas eleições.

O Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer seu Governo, seguido de Estados Unidos, União Europeia, Rússia, entre outros.

As eleições foram realizadas em outubro de 2020 após dois adiamentos pela pandemia e foram vencidas por Luis Arce, afilhado político de Morales.

Áñez foi detida em março de 2021 e condenada em 10 de maio.

Ela também é apontada por genocídio, com penas de 10 a 20 anos de prisão. Essa acusação tem como base denúncias de familiares das vítimas da repressão de novembro de 2019.

Comunidade internacional repudia prisão

A condenação da ex-presidente foi repudiada pela oposição, Estados Unidos e União Europeia. Um relator da ONU sobre independência judicial garantiu que Áñez, processada pela Justiça comum, tem direito a um julgamento de responsabilidade diante do Congresso, independentemente da origem de seu mandato.

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