'Bongbong' Marcos, filho do ditador Ferdinand Marcos, assume a presidência das Filipinas no lugar de Duterte

'Bongbong' Marcos, filho do ditador Ferdinand Marcos, assume a presidência das Filipinas no lugar de Duterte
A família Marcos volta ao palácio presidencial das Filipinas 36 anos após a revolta popular que derrubou o ditador e os obrigou a fugir para o exílio nos Estados Unidos. Ferdinand Marcos Jr. e Sara Duterte durante evento de campanha nas Filipinas

Reprodução/Instagram/Bongbong Marcos

O novo presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador de mesmo nome que governou o país por mais de 20 anos, toma posse como presidente do país nesta quinta-feira (30).

Marcos Jr., conhecido pelo apelido de Bongbong, venceu as eleições presidenciais em maio. Ele sucede o presidente Rodrigo Duterte.

Filho de ex-ditador Ferdinand Marcos é eleito para presidente das Filipinas

Família de ditador

Com a vitória, a família volta ao palácio presidencial de Malacanang, em Manila, 36 anos após a revolta popular que derrubou seu pai e os obrigou a fugir para o exílio nos Estados Unidos.

Os laços com seu pai, responsável por uma sangrenta repressão durante os anos de lei marcial, fazem de Bongbong um dos políticos mais divisivos do país.

O pai de Bongbong governou de 1965 até 1986. Ele perseguiu seus oponentes e matou ou prendeu milhares deles.

O sobrenome da família passou a ser associado a roubos de dinheiro público (os parentes negam que isso tenha acontecido).

Durante os anos de governo de seu pai, Bongbong era um adolescente que estudava no Reino Unido.

Marcos Jr. defende o regime de seu pai, que ele descreve como um gênio político. Ele argumente que o país passou por crescimento no início do regime de Ferdinand Marcos em razão dos altos gastos públicos, mas não cita nada sobre a corrupção e a má gestão que acabou empobrecendo as Filipinas.

Durante a campanha, Marcos Jr. fugiu dos debates e de entrevistas para não ter que responder perguntas sobre sua família.

Segunda campanha

Apesar do pai descrevê-lo como "despreocupado e preguiçoso", Marcos Jr. soube esperar a oportunidade e chegar à presidência.

Marcos Jr. foi duas vezes vice-governador na província de Ilocos Norte e também foi eleito para a Câmara dos Deputados e para o Senado.

Em 2016 ele se candidatou à vice-presidência (no país, as eleições para presidente e vice-presidente são desvinculadas) e foi derrotado por Leni Robredo.

Ele finalmente venceu neste ano com uma mensagem de unidade e a promessa de lutar contra o desemprego e a inflação.

Aliado de Duterte

Durante a campanha, ele soube aproveitar as redes sociais para lançar uma ampla campanha de desinformação visando os jovens, que não conheceram o governo ou a corrupção em larga escala dos 20 anos de ditadura de seu pai.

Seus adversários tentaram desqualificá-lo da corrida presidencial, citando uma condenação anterior por não declarar sua renda, acusando-o de mentir sobre suas realizações acadêmicas e de não pagar quase US$ 4 bilhões em impostos referentes à herança.

Mesmo após a vitória, Marcos Jr. evita a mídia, preferindo delegar a comunicação à porta-voz Trixie Cruz-Angeles.

Relação com os Duterte

A filha do presidente Duterte, Sara Duterte, concorreu ao cargo de vice-presidente e venceu.

O presidente Duterte chegou a descrever Bongbong como fraco, mas apoiou sua candidatura.

Alguns veem esse apoio como uma tentativa de Duterte, alvo de uma investigação internacional por sua guerra às drogas, de evitar ser perseguido judicialmente quando seu mandato terminar.

Marcos Jr. e Sara Duterte têm em comum serem filhos de líderes autoritários, o que preocupa grupos de direitos humanos que temem que ambas as famílias se perpetuem no poder.