Jornalista russa que protestou contra ofensiva na Ucrânia é condenada a dois meses de prisão domiciliar

Jornalista russa que protestou contra ofensiva na Ucrânia é condenada a dois meses de prisão domiciliar
Marina Ovsyannikova protestou em março durante a apresentação de um jornal de bancada em uma das principais emissoras estatais russas. Marina Ovsyannikova depois de depoimento para a corte russa em 28 de julho de 2022

Evgenia Novozhenina/REUTERS

A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que se tornou famosa por ter interrompido um telejornal de um canal estatal de seu país com um cartaz que protestava contra a ofensiva russa na Ucrânia, foi colocada em prisão domiciliar por dois meses na quinta-feira em um processo criminal em que é acusada de espalhar notícias falsas sobre as forças armadas da Rússia, segundo a agência de notícias Interfax citando um tribunal de Moscou.

Ovsyannikova já foi multada duas vezes em casos separados por protestar contra a guerra na Ucrânia

Marina Ovsyannikova depois de depoimento para a corte russa em 28 de julho de 2022

Evgenia Novozhenina/REUTERS

No caso mais recente, ela pode pegar até 10 anos de prisão se for considerada culpada de distribuir informações sobre o exército russo que diferem das contas do governo.

Refere-se a um protesto em julho, quando ela estava na margem de um rio em frente ao Kremlin e segurou um cartaz chamando o presidente Vladimir Putin de assassino e seus soldados de fascistas.

"Quantas crianças mais devem morrer antes que você pare?" lia-se no cartaz.

Relembre o caso

Funcionária de TV estatal russa invade programa para protestar contra a guerra na Ucrânia

Marina Ovsyannikova, à época funcionário da emissora estatal russa Canal 1, apareceu durante a transmissão de um programa ao vivo com um cartaz que dizia "Não acredite na propaganda. Eles estão mentindo pra vocês aqui." Enquanto mostrava o cartaz, Marina gritava "Parem com a guerra. Não à guerra".

Ela gravou uma mensagem separada de antemão na qual ela disse que tinha vergonha de ser uma funcionária do Canal 1.

“O que está acontecendo na Ucrânia é um crime e a Rússia é a agressora”, disse Marina, acrescentando que seu pai era ucraniano.

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Depois disso, ela ainda chamou a atenção para a forma como a população russa responde às atitudes do Kremlin.

"Nós não protestamos quando o Kremlin envenenou Alexei Navalny. Nós silenciosamente observamos esse regime desumano. Agora o mundo inteiro virou as costas para nós, e nem dez gerações de nossos descendentes vão limpar essa guerra entre irmãos."