Equipe de Bolsonaro decide apostar na economia e em 'guerra santa' no início da campanha

Equipe de Bolsonaro decide apostar na economia e em 'guerra santa' no início da campanha
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição

Gesival Nogueiral/Estadão Conteúdo

A equipe de campanha de Bolsonaro já definiu suas principais armas neste início oficial de campanha: destacar a reação no campo econômico, com inflação e desemprego em queda, e seguir na guerra santa contra Lula, que já rende efeitos positivos para o presidente da República nas pesquisas de intenção de voto.

Nesta terça-feira (16), na abertura oficial da campanha de rua, Bolsonaro já deu demonstrações do eixo de sua pregação nesta fase inicial. Prometeu que o desemprego vai cair para 8% em setembro, hoje está em 9,3%, e criticou o fechamento de igrejas durante a pandemia do coronavírus.

O governo apostava numa reação da economia desde o início do ano para vitaminar a candidatura de Bolsonaro, mas ela veio um pouco mais tarde do que o previsto. O cenário econômico começou a mudar a partir da segunda metade do semestre. Em maio, o desemprego caiu abaixo de 10%. E a inflação começou a cair em junho.

No mês passado, por sinal, foi registrada inclusive deflação, de 0,68%, dado que será utilizado na campanha para mostrar que a economia está reagindo. As previsões de crescimento também estão melhorando e, hoje, figuram na casa dos 2%, depois de iniciar o ano em 0,5%.

A equipe de campanha avalia que o presidente, no início da propaganda eleitoral na TV e rádio, terá o que vender para o seu eleitorado, com inflação em queda, emprego aumentando e crescimento em alta. Esses dados, na avaliação de assessores presidenciais, acabam funcionando como uma vacina contra a estratégia do ex-presidente Lula, que deseja focar sua campanha também na economia.

No caso da guerra santa, Bolsonaro conta também com a ajuda da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que tem participado de eventos ao lado do marido, principalmente em encontros com evangélicos. Ela subiu o tom e chegou a dizer que o Palácio do Planalto estava consagrado ao demônio.

As investidas sobre o público evangélico já deram resultado. A pesquisa Ipec divulgada nesta semana mostrou uma liderança folgada de Bolsonaro sobre Lula neste segmento do eleitorado: 47% a 29%. No ano passado, o petista liderava entre evangélicos, mas o quadro se inverteu, com o presidente recuperando apoio entre esses religiosos.