APÓS 41 ANOS, JORNAL 'TRIBUNA POPULAR' DEIXA DE SER IMPRESSO EM CACOAL, RONDÔNIA

"Parem as máquinas!!" Essa foi a manchete escrita no jornal impresso "Tribuna Popular", que circulou pela última vez em Cacoal (RO) neste fim de semana.

APÓS 41 ANOS, JORNAL 'TRIBUNA POPULAR' DEIXA DE SER IMPRESSO EM CACOAL, RONDÔNIA

CACOAL (Rondônia) - Fundado em 23 de agosto de 1980, o Tribuna Popular foi primeiro jornal impresso de Cacoal, cidade conhecida como a 'Capital do Café'.

"Parem as máquinas!!" Essa foi a manchete escrita no jornal impresso "Tribuna Popular", que circulou pela última vez em Cacoal (RO) neste fim de semana.


Fundado em 23 de agosto de 1980, o Tribuna Popular foi primeiro jornal impresso da chamada 'Capital do Café', a 480 quilômetros de Porto Velho.

Ao todo, foram 2.122 edições em 41 anos e quase 6 milhões de exemplares impressos, cerca de 140 mil por ano.

A partir de agora, o jornal será apenas online e, segundo a direção da empresa, vai deixar o 'saudosismo' das pessoas que ainda preferem ler no papel.

A criação do jornal

O jornal foi fundado por Adair Antônio Perin, nascido em 9 de março de 1953 na cidade de Chapecó (SC). Filho de pais gaúchos, Perin e sua família mudaram para o Paraná quando ele ainda era criança. Naquele estado, a família vivia basicamente da agricultura, tendo, em curtos períodos, se dedicado a pequenos comércios, como um pequeno hotel e também um bar.

Com menos de um ano morando em Cacoal, Perin notou a ausência de veículos de comunicação na cidade. As informações que chegavam de fora geralmente vinham com atraso. Enquanto isso, as notícias eram transmitidas apenas por um alto-falante.

Presenciando a necessidade de informação por parte dos moradores, Perin decidiu montar um jornal e, em 1980, com apoio da prefeitura, fundou o Tribuna Popular.

"A ideia [de montar um jornal] foi logo que eu cheguei. Eu estava acostumado no meio da comunicação e aqui não existia nada. Só existia um serviço de alto-falante, não tinha jornal. O jornal que vinha de Porto Velho chegava uns três ou quatro dias atrasado. Na televisão a programação era toda atrasada. O Fantástico de um domingo a gente assistia no outro domingo e assim por diante. Então a gente viu que tinha essa lacuna e a gente entendia que com um jornalzinho a gente podia ajudar muito, daí a gente teve a ideia de começar este trabalho", relembra.

Sendo o primeiro jornal da cidade, o Tribuna incentivou a imprensa local e mostrou ser possível fazer jornal em um local que nem sequer tinha asfalto.

Foram milhares de páginas contando histórias de famílias que deixaram os seus estados de origem e foram atrás de formar um bom lugar de se viver.

Nesses mais de 40 anos comandando o jornal impresso, Adair Antônio Perin lembra de um velho amigo: o professor Ismael Cury.

"Por tantas vezes ele levou as edições de Tribuna Popular para Brasília (DF) para mostrar o quanto nossa população clamava pelo ensino superior na Capital do Café. Assim Cury o fez, até ter aprovado os primeiros cursos superiores", relembra.

Fim do ciclo impresso

Giliane Perin, jornalista, conta que um o fim da versão impressa foi puxada pela dificuldade de encontrar insumos para a produção do jornal, como tinta e papel por exemplo.

"Muitas indústrias que forneciam esses insumos fecharam, por conta da demanda, que se tornou pequena. Poucos jornais sobraram em todo o Brasil. Um outro fator foi o custo elevado para produzir um material impresso nessas proporções. Agora, Tribuna Popular é somente on-line", aponta.

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