San Marino aprova legalização do aborto em referendo
Resultados provisórios indicam que 77% dos eleitores defenderam dar às mulheres a escolha de abortar até 12 semanas de gravidez. Após esse período, aborto será permitido em caso de risco à vida da mãe ou má formação fetal. Referendo sobre legalização do aborto foi iniciativa da União de Mulheres de San Marino (UDS)REUTERS/Jennifer LorenziniA população de San Marino aprovou neste domingo (26) um referendo sobre a legalização do aborto. Segundo resultados provisórios divulgados pelo governo, 77% dos eleitores votaram a favor de dar às mulheres a escolha de abortar até 12 semanas de gravidez e depois, em caso de risco para a vida da mãe ou má formação fetal.Os dados abrangem 33 das 37 seções eleitorais da república de San Marino, cercada pela região centro-norte da Itália. O referendo convocou 35.411 eleitores a opinarem, sendo um terço deles no exterior.Em referendo, Suíça aprova casamento para pessoas do mesmo sexoMulheres deixam de ser maioria no Parlamento islandês após recontagem dos votosA votação foi realizada das 8h às 20h no horário local (das 3h às 15h no horário de Brasília). A pergunta que os habitantes tiveram que responder foi se o aborto deve ou não ser permitido até as 12 semanas de gravidez.A partir da 12ª semana, o aborto só será permitido se a vida da mãe correr risco ou em caso de anomalias fetais que possam prejudicar a mulher física ou psicologicamente.O referendo foi uma iniciativa da União de Mulheres de San Marino (UDS). "É inaceitável tratar como criminosas as mulheres que se veem obrigadas a abortar", destacou Francesca Nicolini, uma médica de 60 anos e integrante da UDS.Integrantes da UDS realizaram campanha pela legalização do aborto em San MarinoREUTERS/Jennifer LorenziniO voto contrário à legalização do aborto foi defendido pelo governista Partido Democrata Cristão. "A população está muito dividida sobre o tema", afirmou antes da divulgação dos primeiros resultados o vice-secretário do partido, Manuel Ciavatta. Ele disse que seu partido respeitaria "a voz dos eleitores".Apesar de não haver registro de condenação por aborto em San Marino, a lei do país prevê pena de até três anos de prisão para a mulher e seis anos para o médico que realizar o procedimento.As mulheres do país que decidem abortar costumam viajar para a Itália, onde o procedimento é legal há mais de 40 anos. Os registros italianos, porém, indicam que poucas mulheres cruzam a fronteira para se beneficiar das leis do aborto no país vizinho.Entre 2005 e 2019, apenas vinte delas abortaram por ano na Itália, um número que diminuiu para 12 em 2018 e para sete em 2019, segundo dados oficiais do Istat, citados pelos ativistas contra o aborto.Com a legalização do aborto, San Marino se juntará à maior parte da Europa na suspensão do que atualmente é uma proibição absoluta da interrupção da gravidez.Na Europa, a proibição total do aborto, inclusive em casos de estupro ou incesto, de graves danos ao feto ou risco à vida da mãe, ainda vigora em Malta, Andorra e no Vaticano.