Tunísia nomeia primeira-ministra pela 1a vez; Najla Ramadhane terá um dos postos mais altos já ocupados por mulheres no mundo árabe

Tunísia nomeia primeira-ministra pela 1a vez; Najla Ramadhane terá um dos postos mais altos já ocupados por mulheres no mundo árabe
Najla Bouden Romdhane tem a obrigação de formar um governo. O presidente Kais Saied dissolveu o Parlamento do país em julho. Raoudha Boudent Ramadhane, nomeada primeira-ministra da Tunísia, em 29 de setembro de 2021

Slim Abid/Presidência da Tunísia/Via A

O presidente da Tunísia nomeou, nesta quarta-feira (29), uma mulher para o cargo de primeira-ministra do país —será a primeira a ocupar esse posto.

Najla Bouden Romdhane, a nomeada, é uma das primeiras mulheres líderes de um país de língua árabe (há países de maioria muçulmana que já tiveram líderes mulheres, mas nenhum deles é de língua árabe).

Kais Saied, presidente da Tunísia, recebe Raoudha Boudent Ramadhane, primeira-ministra do país, em 29 de setembro de 2021

Slim Abid/Presidência da Tunísia/Via AP

Romdhane é uma geóloga e professora universitária com pouca experiência de governo. Ela já foi responsável por implementar projetos do Banco Mundial no Ministério da Educação do país.

Ela será líder do país que atravessa uma crise institucional.

Kais Saied, o presidente, destituiu o Parlamento e o primeiro-ministro em julho —para os críticos, foi um golpe. Na ocasião, ele assumiu a autoridade do Executivo.

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Na semana passada, ele também suspendeu a maior parte da Constituição. Saied disse que iria governar por decretos durante um período de exceção, que não tem data para acabar.

A Tunísia era tida como o único caso de sucesso da Primavera Árabe, uma série de revoltas que aconteceram há cerca de dez anos.

Em um vídeo, Saied disse que Romdhane, que ele nomeou como primeira-ministra, honra as mulheres tunisianas e pediu a ela que forme um governo nas próximas horas ou dias “porque já perdemos muito tempo”.

Bouden deve ter menos poder do que outras pessoas que já ocuparam o mesmo cargo desde 2014, quando a Constituição atual do país passou a vigorar.

A Tunísia enfrenta a iminência de uma crise de finanças públicas depois de anos de estagnação econômica agravados pela pandemia de coronavírus e disputas internas. Os títulos governamentais estão pressionados e o custo para se proteger de seu calote atingiu uma alta recorde.

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