Governador do Tocantins recebeu R$ 200 mil em depósito de auxiliar, aponta relatório do Coaf

PF apura suposta propina paga a Mauro Carlesse, afastado do cargo nesta quarta, e chegou a pedir prisão de investigados. Empresas citadas movimentaram R$ 9,5 milhões em três anos. A Polícia Federal apontou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) indícios de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL). Ele foi afastado do cargo por seis meses, nesta quarta-feira (20), no âmbito de uma operação que apura suposto pagamento de propina e obstrução de investigações.

A TV Globo apurou que dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram que Carlesse recebeu um depósito de R$ 200 mil em dinheiro em sua conta particular. O repasse foi feito por uma secretária particular de sua governadoria no dia 24 de março deste ano.

O Coaf apontou ainda que empresas investigadas movimentaram, entre maio de 2018 e janeiro de 2021, R$ 9,5 milhões. Essas empresas entraram no radar porque têm sócios que, atualmente ou no passado, já tiveram empreendimentos em conjunto com Carlesse.

Para os investigadores, há indícios do crime de lavagem de dinheiro.

Os mandados de busca e apreensão da operação deflagrada nesta quarta-feira (20) foram assinados pelo ministro do STJ, Mauro Campbell. O ministro atendeu a um pedido da PF do Tocantins. Veja detalhes no vídeo abaixo:

STJ determina afastamento do governador do Tocantins Mauro Carlesse por 6 meses

A Polícia Federal chegou a pedir a prisão dos investigados, inclusive do governador, mas a Procuradoria-Geral da República se manifestou contra a medida. A PGR avaliou que seria melhor esperar as diligências para, na sequência, avaliar a necessidade da prisão.

O ministro considerou que as prisões não eram imprescindíveis neste momento da apuração. Em contrapartida, decidiu afastar Mauro Carlesse do cargo por seis meses – na tarde desta terça, a Corte Especial do STJ confirmou a decisão individual de Campbell em placar unânime.

'Organização criminosa'

Segundo os investigadores, há uma organização criminosa que teria se enraizado no governo do Tocantins e que, em tese, seria comandada pelo governador.

A PF afirma que as buscas desta quarta-feira fizeram parte de duas operações complementares, que investigam:

pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais;

obstrução de investigações;

incorporação de recursos públicos desviados.

Conforme apuração da TV Anhanguera, a investigação, que teve início há cerca de dois anos, estima que cerca de R$ 44 milhões tenham sido pagos a título de vantagens indevidas. Os valores podem ser maiores, já que a participação de outras empresas no esquema ainda é investigada.

Pela manhã, a Polícia Federal fez buscas na casa de Carlesse e na sede do governo do Tocantins. Foram apreendidos dois veículos do governador, levados para a sede da PF em Palmas.

Além do governador, também foram alvos de mandados de busca e apreensão secretários estaduais, entre os quais Cristiano Sampaio, da Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, que também teve o afastamento do cargo determinado pelo STJ.