Comentarista da extrema direita e potencial candidato à presidência é julgado na França
Éric Zemmour responde uma ação na Justiça por ter incitado ódio racial. Eric Zemmour em imagem de 16 de outubro de 2021Eric Gaillard/ReutersA Justiça da França vai começar a analisar nesta quarta-feira (17) um processo de acusação do polemista de extrema direita Éric Zemmour, um potencial candidato à eleição presidencial francesa, de cumplicidade na provocação de ódio racial e insultos racistas. Zemmour deu as declarações sobre imigrantes menores de idade desacompanhados em 29 de setembro de 2020 na emissora CNews.Leia tambémSandra Cohen: O incendiário da extrema direita francesa que faz Marine Le Pen parecer moderadaJornalista de extrema-direita tem ascensão meteórica em pesquisas e ameaça reeleição de Macron na FrançaApós um segundo ataque à redação do semanário satírico "Charlie Hebdo", ele afirmou que os imigrantes menores desacompanhados "são ladrões, assassinos, estupradores" e "não têm o que fazer" na França. "Precisam ser devolvidos", acrescentou, à época. Sua defesa alega que Zemmour apenas "repetiu, com outras palavras", as preocupações expressas pelas autoridades sobre a criminalidade ligada a estes menores. ONGs de defesa dos direitos humanos e antirracistas se constituíram como partes civis no processo.Zemmour não compareceu à audiência para evitar que "se transforme em estúdio de televisão", disse seu advogado, Olivier Pardo.Geração ZCerca de 20 de seus simpatizantes (eles se intitulam "Geração Z") se reuniram diante do tribunal e exibiram a bandeira nacional. No início das sessões, a presidente da corte advertiu que velará pela "serenidade do processo". Zemmour, de 63 anos, também critica a migração e o Islã e faz referências a uma "identidade francesa" que estaria sob ameaça. De acordo com pesquisas, ele poderia disputar a eleição presidencial de 2022, junto com o atual presidente, o liberal Emmanuel Macron. Segundo seu entorno, o primeiro comício poderá acontecer no início de dezembro. A polêmica mais recente foi 13 de novembro, por ocasião do sexto aniversário dos atentados de Paris. Diante da atacada casa de shows Bataclan, Zemmour vinculou a imigração aos ataques e acusou o então presidente François Hollande de não "ter protegido os franceses".Suas declarações indignaram os sobreviventes e familiares das vítimas. A associação Life for Paris criticou uma intervenção ruim que violou o momento de recolhimento. "Esta instrumentalização das vítimas nos escandaliza no nível máximo", afirmou a instituição.Veja os vídeos mais assistidos do g1