Canadá libera ponte na fronteira com os EUA que ficou bloqueada em protestos contra restrições sanitárias da Covid

Canadá libera ponte na fronteira com os EUA que ficou bloqueada em protestos contra restrições sanitárias da Covid
Local foi palco de manifestação contra a vacinação e duraram quase três semanas. Os protestos foram liderados por caminhoneiros no Canadá e duraram quase três semanas

Reuters/Blair Gable

A polícia canadense liberou, neste domingo (13), a ponte Ambassador, bloqueada por pessoas contrárias às medidas anticovid e contra a vacina, em uma operação elogiada por Washington, que espera a reabertura desta passagem estratégica entre os Estados Unidos e o Canadá. Os protestos, entretanto, prosseguiam no país, particularmente na cidade de Ottawa.

Liz Sherwood-Randall, conselheira de Segurança Nacional do presidente americano, Joe Biden, elogiou "os esforços decisivos da força pública (canadense) ao longo da fronteira para conseguir a suspensão completa de todos os bloqueios".

"As autoridades canadenses têm a intenção de reabrir a ponte Ambassador hoje, após terem concluído as verificações de segurança necessárias", acrescentou em um comunicado.

Na semana passada, Washington tinha pressionado Ottawa, pedindo-lhe para usar "os poderes federais" para pôr fim ao bloqueio com "sérias consequências" para a economia americana, devido à importância do comércio que circula pela ponte.

Um forte contingente policial mobilizado nos arredores da ponte na manhã deste domingo deteve manifestantes e rebocou veículos.

A polícia liberou o acesso à ponte neste sábado (12), mas as autoridades não informaram quando a circulação será plenamente restabelecida.

O prefeito da cidade vizinha de Windsor comemorou que "a crise econômica nacional na ponte Ambassador tinha terminado hoje", frente ao alto custo financeiro do bloqueio.

A passagem fronteiriça será reaberta "quando for seguro fazê-lo", acrescentou, deixando à polícia e aos serviços fronteiriços a responsabilidade de tomar esta decisão.

A polícia continuou patrulhando a área na tarde deste domingo, devido à presença de manifestantes nas proximidades.

O bloqueio causou transtornos para a indústria automotiva dos dois lados da fronteira. Mais de 25% das mercadorias comercializadas entre Estados Unidos e Canadá passam por esta ponte.

Manifestações pelo mundo

O movimento de protesto contra as medidas sanitárias inspirou iniciativas similares em outros países.

Na França, por exemplo, cerca de 1.300 veículos vindos de todo o país participaram dos comboios contra o passaporte sanitário e fizeram escala perto da cidade de Lille (norte) rumo a Bruxelas, onde pretendem protestar na segunda-feira, apesar da proibição das autoridades belgas.

Milhares de pessoas contrárias ao passe sanitário ou ao presidente francês, Emmanuel Macron, concentraram-se em Paris para protestar ali no sábado, batizando seu movimento de "Comboios da Liberdade", assim como a mobilização canadense.

As manifestações prosseguiram ontem em várias do país, entre elas Toronto e Montreal, e outros eixos fronteiriços continuavam bloqueados, nas províncias de Manitoba e Alberta.

No Canadá, o movimento, que entra em sua terceira semana, começou com uma mobilização de caminhoneiros contrários à obrigatoriedade de se vacinarem para cruzar a fronteira entre Canadá e Estados Unidos, mas as reivindicações acabaram incluindo a rejeição ao conjunto de medidas sanitárias adotadas e até a gestão do governo do primeiro-ministro, Justin Trudeau.

Ottawa seguia paralisada desde o fim de janeiro. Muitos manifestantes protestavam no centro da capital canadense neste domingo, quando contramanifestantes irritados tentaram conter um dos comboios que chegou para se somar à mobilização.

O ministro da Proteção Civil, Bill Blair, mostrou-se muito crítico à polícia de Ottawa, considerando "inexplicável" que não seja capaz de restabelecer a ordem.

"A polícia deve fazer seu trabalho e aplicar a lei na cidade", disse Blair à emissora CBC.

Ele também disse que "o governo federal está disposto a fazer tudo o necessário para retomar o controle da situação e restabelecer a ordem", em uma declaração que parece marcar uma diferença de tom sutil por parte das autoridades.

Consultado sobre a possibilidade de pedir para o exército ajudar a restabelecer a ordem, Trudeau declarou na sexta-feira que esta seria "uma solução de último, último, último recurso".

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