Produtores rurais já somam prejuízos de R$ 180 milhões por conta da cheia no Amazonas
Valor das perdas agrícolas mais que dobrou em um mês. Pelo menos 54 municípios estão sendo afetados, e 25 já decretaram situação de emergência. Cheia do Amazonas trouxe prejuízos de mais de R$ 180 milhões. Divulgaçãoo/Prefeira de AnamãO Amazonas enfrenta uma das maiores cheias da história. Ao todo, já são mais de 54 municípios sofrendo com as consequências da enchente, e mais de 408 mil pessoas afetadas, de acordo com a Defesa Civil.Além de desabrigar famílias e alterar a rotina da população, os prejuízos da subida das águas se estendem para outros setores, como a agricultura, que é uma das principais fontes de renda das famílias no interior do Estado e na zona rural de Manaus.As perdas agrícolas ocasionadas pela enchente de 2021 já somam um prejuízo de R$ 180 milhões, ou seja, a perda total mais do que dobrou, em um mês. Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), divulgado na quinta-feira (13). Até o dia 8 de abril deste ano, a cheia dos rios no Amazonas o total de perdas agrícolas causadas pela cheia dos rios no Amazonas era estimada em mais de R$ 70 milhões. Esse levantamento é referente aos municípios de Atalaia do Norte e Benjamin Constant (Alto Solimões); Fonte Boa e Tefé (Médio Solimões); Anori e Manacapuru (Solimões); Boca do Acre, Pauini, Lábrea, Tapauá e Canutama (Purus); Guajará, Ipixuna, Envira, Eirunepé, Itamarati, Juruá e Carauari (Juruá); Humaitá, Manicoré, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã (Rio Madeira), Itacoatiara (Médio Amazonas) e Nhamundá (Baixo Amazonas).Até o momento, 16.340 famílias tiveram suas produções atingidas nessas localidades. Entre as principais culturas afetadas estão a banana (R$57,6 milhões), hortaliças (R$ 28,9 milhões) o mamão (R$ 24 milhões) e a mandioca (R$ 23 milhões), segundo os dados.FOTOS: Enchente dos rios inunda cidades no AmazonasNa Comunidade de São Francisco do Caramari, por exemplo, área urbana de Manaus, que abrange os municípios de Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Careiro e Autazes, os prejuízos na agricultura já afetam inúmeras famílias, resultando até mesmo em perda total das plantações.Ao G1, o agricultor e presidente da Associação Comunitária Agrícola São Francisco do Caramuri - ACASFC, Daniel Leandro da Silva, explicou que a região é formada por dois tipos de áreas geográficas, a a área de terra firme (que geralmente não alaga) e a área de várzea, que é comum alagar todos os anos, com a cheia dos rios. Segundo ele, porém, com as grandes enchentes, as duas áreas são atingidas, pois algumas casas são construídas próximas ao nível rotineiro do rio, na área de terra firme, mas quando vem uma enchente como essa, algumas residências são atingidas com alagação total do piso.“É imensurável o prejuízo, o transtorno, mesmo a gente entendendo que é um processo natural. Muitas pessoas na várzea não têm uma alternativa para conduzir principalmente a criação no período de cheia. Acabam vendendo a criação. As produções que não chegam a entrar na safra são totalmente perdidas. É um prejuízo que não tem como mensurar", disse.Na região, a principal atividade econômica é o plantio de abacaxi, cupuaçu e mandioca macaxeira; seguido da pecuária com produção de leite, queijo e manteiga artesanal de nata. As atividades econômicas do entorno de São Francisco do Caramuri atingidas pela cheia são as plantações de maracujá, mamão, abobora, pepino, maxixi, goiaba, criação de galinhas e bovinos.No local, há uma média de 2,5 mil agricultores. Daniel disse, ainda, que a situação atual lembra a cheia histórica de 2012, quando o nível do rio chegou a 29,78m.“É como se vivêssemos 2012 outra vez"."Aqueles que têm uma propriedade na área de terra firme conduzem a parte de criação e continuam gerando renda de certa forma, porém com um nível muito reduzido. Aqueles que não têm, a alternativa é ficar na própria residência, esperar o rio secar novamente para retornar os plantios e recomeçar todo o ciclo de produção nessas áreas alagadas", contou.Ainda segundo os relatos, as famílias ficam em situação de vulnerabilidade social, dependendo da assistência do estado e do apoio do município. Aqueles que têm uma propriedade na área de terra firme conduzem a parte de criação e continuam gerando renda de certa forma, porém com um nível muito reduzido. Aqueles que não têm, a alternativa é ficar na própria residência, esperar o rio secar novamente para retornar os plantios e recomeçar todo o ciclo de produção nessas áreas alagadas.Cheia dos rios no AmazonasMoradores de bairros afetados pela cheia reclamam de valor do auxílio aluguelDe acordo com a Defesa Civil, o total de pessoas afetadas pela cheia em todo estado é de 408.827, até a sexta-feira (14). Com isso, um total de 54 municípios já decretaram situações de atenção, emergência e transbordamento.Na capital, o nível do Rio Negro chega a 29,64 metros nesta sexta-feira (14), de acordo com o Porto de Manaus. A expectativa dos especialistas é que a cheia ultrapasse a marca histórica de 2012, quando o nível do rio subiu aos 29,97 metros.Ainda de acordo com o órgão, chega a 15 o número de bairros atingidos pela cheia na capital, que está em situação de emergência.Municípios atingidosEm situação de ATENÇÃO: 02Calha do Médio SolimõesCoari - 8.808 pessoas afetadas, 2.202 famílias atingidas e 524 desabrigadas Calha do Baixo Solimões Codajás – 20.300 pessoas afetadas e 5.075 famílias atingidasEm situação de ALERTA: 09Calha do Médio Solimões Japurá, Maraã, Uarini e TeféJutaí - 1.773 pessoas afetadas e 444 famílias atingidasAlvarães - 5.791 pessoas afetadas e 1.448 famílias atingidasFonte Boa - 9.644 pessoas afetadas e 2.411 famílias atingidasCalha do Madeira Manicoré Careiro Castanho - 1.017 pessoas afetadas, 254 famílias atingidas e 411 desalojadasEm situação de TRANSBORDAMENTO: 18Calha do Purus Beruri - 1.712 pessoas afetadas e 428 famílias atingidasCalha do Baixo Solimões Iranduba - 1.138 pessoas afetadas e 285 famílias atingidasCalha do Médio AmazonasItacoatiara, Silves, Urucurituba e ItapirangaAutazes – 868 pessoas afetadas e 217 famílias atingidasCalha do Baixo Amazonas Barreirinha 16.560 pessoas afetadas 4.140 famílias atingidas Urucará, São Sebastião do Uatumã e MauésParintins - 47.035 pessoas afetadas e 11.759 famílias atingidasNhamundá - 5.180 pessoas afetada, 1.295 famílias atingidas, 123 pessoas desabrigas e 1.765 pessoas desalojadasCalha do Rio Negro Manaus 23.960 pessoas afetadas, 5.990 famílias atingidas.Calha do Alto Solimões – Benjamin Constant, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Iça - 1.951 pessoas afetadas e 488 famílias atingidasEm situação de EMERGÊNCIA: 25Calha do Juruá:Guajará -5.050 pessoas afetadas; 1.263 famílias atingidas. Decreto de situação de emergência por inundação Envira - com 6.411 pessoas atingidas; 1.603 famílias afetadas. Decreto de situação de emergência por inundaçãoEirunepé - com 13.333 pessoas atingidas; 3.333 famílias afetadas. Decreto de situação de emergência por inundação Itamarati - 10.357 média de pessoas afetadas, 2.589 famílias serão atendidas; Decreto de situação de emergência por inundação Ipixuna - com 17.275 pessoas atingidas, 4.319 famílias afetadas. Decreto de situação de emergência por inundação Carauari –2.498 pessoas afetadas e 625 famílias atingidas. Decreto de situação de emergência por inundaçãoJuruá - 5.400 pessoas atingidas e 1.350 famílias afetadas. Decreto de situação de emergência por inundaçãoCalha do Purus:Pauini – 5.776 pessoas atingidas e 1.444 famílias afetadas. Decreto de situação de emergência por inundação Boca do Acre - 16.887 pessoas afetadas,4.222 famílias atingidas, 136 pessoas desabrigadas e 265 desalojadas. Decreto de situação de emergência por inundaçãoLábrea – 9.462 pessoas afetadas e 2.366 famílias atingidas. Decreto de situação de emergência por inundação Canutama – 7.380 pessoas afetadas e 1.845 famílias atingidas. Decreto de situação de emergência por inundaçãoTapauá – 4.976 pessoas afetadas e 1.244 famílias atingidas. Decreto de situação de emergência por inundação Calha do Madeira:Borba – 5.556 pessoas afetadas e 1.389 famílias atingidas Nova Olinda do Norte - 1.828 pessoas afetadas e 457 famílias atingidas.Novo Aripuanã - 10.100 pessoas afetadas e 2.525 famílias atingidasCalha do Baixo Solimões:Manacapuru: 40.052 pessoas afetadas, 10.013 famílias atingidas, 305 desabrigadas e 1.067 desalojadas.Careiro da Várzea: 18.374 pessoas afetadas, 4.593 famílias atingidas, 64 desabrigadas e 340 desalojadasAnori: 16.652 pessoas afetadas e 4.153 famílias atingidasCaapiranga: 9.025 pessoas afetadas, 2.256 famílias atingidas, 2.100 desabrigadas e 1.100 desalojadasAnamã: 9.570 pessoas afetadas, 2.392 famílias atingidas, 41 desabrigadas e 25 desalojados Manaquiri:10.391 pessoas afetadas e 2.597 famílias atingidasCalha do Alto Solimões:Tabatinga:7.711 pessoas afetadas e 1.927 famílias atingidasTonantins: 1.000 pessoas afetadas e 250 famílias atingidasAtalaia do Norte - 5.322 pessoas afetadas, 1.323 famílias atingidasCalha do Baixo Amazonas:Boa Vista do Ramos - 2.500 pessoas afetadas, 625 famílias atingidas, 1.258 desalojados e 230 enfermosStatus dos municípios no Sistema Integrado de Informações sobre DesastresEm análise: Boca do Acre, Nova Olinda do Norte, Borba, Nhamundá, Anori e AnamãReconhecidos: Pauini, Canutama, Lábrea, Tapauá, Juruá, Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Itamarati, Carauari, Envira, Registros no sistema: Beruri, Manaus, Coari, Tefé, Fonte Boa, Tonantins, Iranduba, Jutaí, Codajás e Alvarães Aguardando Análise: Barreirinha, Atalaia do Norte, Manaquiri, Boa Vista do Ramos e Autazes Aguardando ajuste solicitado pela Estado: Novo Aripuanã, Manacapuru, Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Caapiranga, Tabatinga Veja vídeos sobre a cheia no Amazonas