Suposta amante de Putin teria sido poupada das sanções dos EUA; entenda por que

Suposta amante de Putin teria sido poupada das sanções dos EUA; entenda por que
Ex-ginasta Alina Kabaeva seria mãe pelo menos três de seus filhos e teve punição suspensa na última hora, de acordo com jornal americano Putin olha para Kabaeva em foto de 2004

TASS via AP

Os EUA incluíram as duas filhas mais velhas de Vladimir Putin no pacote de sanções, mas na última hora deixaram de fora a ex-ginasta Alina Kabaeva, com quem, segundo o governo americano, o presidente russo mantém um relacionamento e seria mãe de pelo menos três de seus filhos.

Pesou nesta decisão de poupar Kabaeva, de 39 anos, o temor de que as sanções seriam interpretadas por Putin como um golpe pessoal e elevariam ainda mais a tensão com a Rússia, de acordo com uma reportagem publicada no domingo pelo “The Wall Street Journal”.

Autoridades americanas disseram ao jornal ter informações consistentes de que a ex-campeã olímpica de ginástica rítmica e ex-deputada pela Rússia Unida – o partido do presidente – tenha ajudado Putin a esconder ativos no exterior e seja beneficiária de sua riqueza pessoal. O suposto romance entre os dois é cercado de mistério e nunca foi assumido publicamente, assim como a paternidade dos filhos de Kabaeva, apelidada de “Primeira Amante da Rússia” e “Primeira-Dama Secreta”.

A ex-ginasta se consagrou pela glória no esporte – conquistou 14 medalhas em campeonatos mundiais, duas em Jogos Olímpicos e 21 em campeonatos europeus – mas enfrentou um grave escândalo de doping, que manchou sua trajetória. Ela foi desclassificada na Copa do Mundo de 2001, em Madri. Perdeu a medalha para uma atleta ucraniana e ficou suspensa por um ano.

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Em 2007, uma lesão encerrou a carreira, mas coincidiu com o envolvimento com Putin. Kabaeva galgou novos rumos na política como deputada. No ano seguinte, foi nomeada chefe do Conselho de Administração do National Media Group, o maior conglomerado que controla a informação pública na Rússia, sob críticas pela falta de experiência em gerenciamento de mídia e pelo alto salário – cerca de US$ 10 milhões, de acordo com a Fundação Anticorrupção de Alexey Navalny, principal opositor de Putin. Seu benfeitor seria o oligarca Yuri Kovalchuk, o maior acionista do Rossiya Bank, aliado de Putin.

Tudo que se refere ao casal costuma ser nebuloso e estritamente controlado. O tabloide Moskovsky Korrespondent, por exemplo, foi fechado por uma semana ao noticiar, em 2008, que o presidente e Kabaeva estavam noivos. Na época, ele era casado com Ludmilla Shkrebneva, mãe das filhas Katerina Tikhonova, de 35 anos, e Maria Vorontsova, de 36.

Enriquecimento rápido

O jornal “WSJ” relata ainda que a família da ex-ginasta enriqueceu rapidamente: desde 2013 compraram seis apartamentos, duas casas e acres de terra em regiões exclusivas do país. O paradeiro de Alina Kabaeva também é desconhecido. Ela teria residência na Suíça, onde seus filhos, entre eles um casal de gêmeos, nasceram. O Kremlin negou que Putin seja o pai.

Na semana passada, ela reapareceu em Moscou durante um festival de ginástica que leva o seu nome, e se deixou fotografar em frente a uma parede estampada com a letra “Z”, símbolo do apoio à guerra russa na Ucrânia. A aliança de casamento no dedo direito, contudo, não passou despercebida.