Cuidadores: como conviver com a frustração de quase nunca receber elogios

Cuidadores: como conviver com a frustração de quase nunca receber elogios
A sensação de que a dedicação e os sacrifícios passam despercebidos pode levar a um estado de exaustão Embora já tenha tratado dos desafios de ser cuidador em diversas ocasiões, faz algum tempo que não escrevo sobre o assunto. Provavelmente foi a coluna da quinta-feira passada, sobre como as mulheres demoram a buscar ajuda quando enfrentam um quadro de ansiedade e depressão, que me motivou a voltar ao tema. O motivo? São elas, quase sempre, as cuidadoras de um ente querido que se torna dependente por causa de uma demência ou doença crônica grave. Além de filhos, carreira profissional e da administração da casa, acumulam mais essa atividade, que envolve um alto grau de estresse – e muito pouco reconhecimento.

Idosa se diverte com cuidadora: sacrifícios passam despercebidos e os elogios são escassos

Sentient Observer para Pixabay

A sensação é de que os sacrifícios passam completamente despercebidos, o que alimenta mágoas, ressentimentos e leva a um estado de exaustão: o conhecido burnout. Idosos com sérios problemas de saúde tendem a estar focados em suas próprias dificuldades. O declínio cognitivo dos pacientes com demência pode levá-los a reagir de forma hostil ou impedi-los de manifestar seu apreço pelo zelo que lhe é dedicado. No entanto, é frequente que mesmo familiares não valorizem o duro (e incessante) trabalho, o que aumenta a frustração. Portanto, não espere o reconhecimento alheio e monte uma estratégia para lidar com os sentimentos negativos e preservar seu equilíbrio.

Connie Chow tinha um diploma de economista da Universidade da Califórnia e um MBA. Chegou a ocupar uma das vice-presidências do Wells Fargo Bank, mas o fato de ter cuidado da avó durante 20 anos a fez criar o site Dailycaring.com, uma fonte de informações preciosas. São dela os conselhos abaixo para aprender a se doar sem se machucar.

Esta foi minha opção: apesar de às vezes achar que não consegue exercer qualquer controle sobre sua vida, tenha em mente que esta foi uma escolha que você fez. Não perca de vista o significado dessa doação.

Eu também sou uma prioridade: autocuidado não é um luxo, e sim uma necessidade. É preciso achar um tempo seu, para uma caminhada, um banho relaxante, uma xícara de chá. Não se sinta culpada em se proporcionar “respiros” e, se tiver outras pessoas da família que possam ser acionadas, reserve pequenas férias para recarregar as baterias.

O bom humor protege: aprenda a gracejar com a escassez de elogios, lembrando de um jeito leve que um “valeu” e “obrigado” de vez em quando são muito bem-vindos. E, quando receber um, mostre-se grata, para alimentar um círculo virtuoso.

A dedicação não pode ser medida pelo estado da pessoa cuidada: a piora da condição de saúde do paciente pode provocar uma onda de recriminações de outras pessoas, que nem sequer participam do dia a dia e desconhecem a gravidade da situação, e desencadear um forte sentimento de culpa. Nem o melhor cuidador é capaz de deter a progressão de uma enfermidade.

Os outros têm que saber: é comum, até entre irmãos, que, depois de alguém ser escalado para cuidar do idoso, os demais se sintam desobrigados de acompanhar o que acontece. Para evitar isso, mande relatos periódicos sobre consultas e tratamentos. As informações farão com que possam apreciar seu trabalho.