Região separatista da Geórgia desiste de referendo sobre integração com Rússia

Região separatista da Geórgia desiste de referendo sobre integração com Rússia
A Ossétia do Sul foi o centro de uma guerra entre Rússia e Geórgia em 2008. Depois do confronto, o governo russo reconheceu o território, junto com a região separatista da Abkházia, como estado independente. As duas regiões seguem sob controle militar russo. Homens usam roupas tradicionais da Geórgia em evento de independência do país, em 26 de maio de 2022

Irakli Gedenidze/Reuters

As novas autoridades da região separatista pró-russa da Ossétia do Sul, na Geórgia, anunciaram nesta segunda-feira (30) que desistiram de um referendo sobre sua integração à Federação da Rússia.

Em um decreto, o presidente da região, Alan Gagloev, afirmou que há "incerteza relacionada com as consequências legais" de uma consulta desse tipo. O antecessor dele, Anatoly Bibilov, que havia decidido convocar um referendo que iria ocorrer em 17 de julho.

O decreto prevê também "a inadmissibilidade de uma decisão unilateral de um referendo sobre temas que afetam os legítimos direitos e interesses da Federação da Rússia".

Gagloev ordenou "manter, sem demora, consultas com a parte russa sobre toda a gama de temas relacionados com a maior integração entre a Ossétia do Sul e a Federação da Rússia".

Em 13 de maio, Bibilov assinou o decreto para celebrar o referendo, citando as "aspirações históricas" da região para se juntar à Rússia.

A Ossétia do Sul foi o centro de uma guerra entre Rússia e Geórgia em 2008, após a qual o Kremlin reconheceu o território, junto com a região separatista da Abkházia, como estado independente. As duas regiões seguem sob controle militar russo.

Bibilov perdeu a reeleição semanas atrás, e a Rússia disse esperar que Gagloev continue a aproximação com Moscou.

Crimes de guerra

O anúncio desta segunda-feira acontece em meio à invasão russa da Ucrânia, onde os separatistas pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Luhansk expressaram interesse em se unir à Rússia.

A guerra na Ucrânia também gerou demonstrações de solidariedade na Geórgia. Além disso, o governo da Geórgia denunciou como "inaceitáveis" os planos da Ossétia do Sul de realizar o referendo de integração à Federação da Rússia.

Em agosto de 2008, as forças russas invadiram a Geórgia, que então enfrentava uma milícia pró-Rússia na Ossétia do Sul.

Os confrontos terminaram cinco dias depois com uma trégua mediada pela União Europeia, após deixar mais de 700 mortos e dezenas de milhares de deslocados.

O conflito marcou o ápice das tensões com o Kremlin sobre os planos de Tbilisi de se juntar à União Europeia e à Otan.

Em março, o procurador-geral da Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, em Haia, pediu ordens de prisão para três integrantes do alto escalão da Ossétia do Sul, atuais e passados, por crimes cometidos contra a população de Geórgia.

Os supostos crimes incluem tortura, tratamento desumano, detenção ilegal, violação da dignidade pessoal, tomada de reféns e transferência ilegal de pessoas.

No ano passado, a Corte Europeia de Direitos Humanos determinou que a Rússia é responsável de abusos de direitos humanos depois da guerra.

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