Manifestantes bloqueiam acesso à capital do Equador apesar de apelo ao diálogo por parte do governo

Manifestantes bloqueiam acesso à capital do Equador apesar de apelo ao diálogo por parte do governo
Indígenas reclamam dos baixos preços oferecidos por sua produção rural e alto custo de combustíveis. Manifestantes indígenas montaram bloqueios em Quito

Veronica Lombeida/AFP

Indígenas bloquearam o acesso a Quito nesta quinta-feira (16), no quarto dia de protestos contra o governo, que não têm solução por falta de um acordo para estabelecer as bases de diálogo com o Executivo.

As manifestações, dos quais participam outros setores, se espalharam por dois dos principais mercados que abastecem a capital, com três milhões de habitantes, sem grandes incidentes.

Ao sul da capital, onde se concentram pequenos grupos de manifestantes, troncos e pneus incendiados, além de pedras, impediam a passagem de veículos na rodovia.

"Viemos reivindicar nossos direitos porque nos pagam preços baixos pelos produtos que tiramos do campo", disse à AFP Nelson Jami, um agricultor da comunidade de Salamalag, na província andina de Cotopaxi.

Um caminhão que transportava manifestantes capotou na região, deixando 12 feridos, segundo os bombeiros. O veículo exibia uma placa que dizia "Presentes à greve! Fora Lasso!"

Os protestos sem previsão de término, que começaram na segunda-feira, foram convocados pela poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), de oposição, que pede ao presidente conservador Guillermo Lasso que reduza para US$ 1,50 o preço do galão de diesel de 3,78 litros e para US$ 2,10 o galão de gasolina.

Oposição ao governo equatoriano está insatisfeita com altos preços de combustíveis e custo de vida em geral

Veronica Lombeida/AFP

Entre maio de 2020 e outubro de 2021, o diesel quase dobrou de valor, passando de US$ 1 para US$ 1,90, e a gasolina extra subiu 46%, passando de US$ 1,75 para US$ 2,55.

Após três dias de manifestações, às quais se juntaram estudantes e transportadores, ainda não há luz no fim do túnel, apesar de Lasso ter afirmado na quarta-feira que tem "as portas abertas ao diálogo, mas" não vai "ceder a grupos violentos que procuram impor suas regras".

O líder dos protestos e da Conaie, Leonidas Iza, disse por sua vez que o governo não oferece garantias para conversar.

Em 15 das 24 províncias do país foram registrados bloqueios de estradas, segundo o Serviço Integrado de Segurança ECU911.

Desde que Lasso assumiu o poder, em maio de 2021, a Conaie realizou várias rodadas de negociações "malsucedidas" com o Executivo.

O presidente tem um encontro marcado para hoje com transportadoras, que na quarta-feira também bloquearam o acesso sul a Quito exigindo um aumento no custo dos fretes.

De acordo com o movimento indígena, 14 pessoas ficaram feridas durante as manifestações. Já a polícia informou oito agentes feridos e outros 11 mais um promotor detidos temporariamente por manifestantes, além de 29 pessoas presas.