Em visita a Ruanda, Boris Johnson defende acordo para enviar migrantes

Em visita a Ruanda, Boris Johnson defende acordo para enviar migrantes
Medida, criticada pela ONU, quer enviar à força ao país africano nacionais de terceiros países que entraram ilegalmente no Reino Unido. Decisão da Justiça europeia barrou primeira tentativa de envio. Boris Johnson interage com alunos de uma escola em Kigali, capital da Ruanda, em visita à Ruanda para defender polêmico acordo de envio forçado de imigrantes do Reino Unido ao país africano, em 23 de junho de 2022.

Dan Kitwood/ AFP

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, defendeu nesta quinta-feira (23) em Ruanda o acordo alcançado com Kigali para enviar migrantes ilegais do Reino Unido para o país africano, apelando aos opositores para "manterem a mente aberta".

"O que os críticos deste programa precisam entender, e eu já vi muitas críticas, é que Ruanda passou por uma transformação total nas últimas duas décadas", disse Johnson a jornalistas após uma visita a uma escola de Kigali.

Grupos de direitos humanos, líderes religiosos e também instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) criticaram duramente o acordo sobre os migrantes, alegando que a medida fere os Direitos Humanos e o e Estatuto dos Refugiados do qual o Reino Unido é signatário.

De acordo com a imprensa britânica, até o príncipe Charles se opõe ao plano do governo e o chamou de "horrível".

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Até agora, no entanto, nenhum migrante foi expulso do Reino Unido dessa forma, já que o voo com o primeiro grupo foi impedido de sair na semana passada por uma decisão do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), que barrou a viagem quando o avião já estava na pista de decolagem.

O governo britânico apresentou um projeto de lei ao Parlamento na quarta-feira (22) para contornar a jurisdição do Tribunal.

Boris Johnson dá discurso no Memorial do Genocídio da Ruanda, na capital Kigali, no qual voltou a defender o envio forçado de imigrantes ilegais do Reino Unido ao país africano, em 23 de junho de 2022.

Dan Kitwood/ AFP

Johnson acusou seus críticos de basear suas críticas em "percepções e estereótipos que Ruanda superou".

O pequeno país da África Oriental ficou marcado pelo genocídio que sofreu em 1994, mas agora apresenta altas taxas de crescimento, embora seja frequentemente criticado por sua política de direitos humanos.

Em carta aberta aos líderes da Commonwealth, 23 organizações da sociedade civil e de direitos humanos disseram que Ruanda vive um "clima de medo".

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