Presidente do Peru deixa o próprio partido após pedido de dirigentes

Presidente do Peru deixa o próprio partido após pedido de dirigentes
O partido Peru Livre pediu para que Pedro Castillo deixasse o grupo. Os dirigentes acusam o presidente de dividir a bancada e de implementar medidas que não estavam no programa de governo. O presidente do Peru, Pedro Castillo, em traje típico andino, discursa em Juliaca, na região de Puno, na terça-feira (7)

Carlos Mamani/AFP

O presidente do Peru, Pedro Castillo, entregou à Justiça do país sua renúncia do partido ao qual pertencia, o Peru Livre, nesta quinta-feira (30).

Foi o Peru Livre que pediu para que Castillo deixasse o partido.

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Em nota, o grupo político afirmou que as causas são de conhecimento público, e então enumerou algumas delas:

Quebrar a unidade parlamentária fraturando a bancada do Congresso, fazendo convites aos dissidentes;

Promover a inscrição de dois partidos políticos paralelos dentro do Peru Livre;

Adotar políticas de governo que não estão de acordo com o que foi prometido durante a campanha eleitoral e menos ainda com o programa do partido.

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Partido marxista leninista

O partido conta agora com apenas 16 dos 37 parlamentares que obteve nas eleições de 2021, e se tornou a principal minoria em um Congresso onde nenhum partido tem a maioria.

O Peru Livre é um partido marxista-leninista. Apesar de ter levado Castillo à presidência, nesta quinta-feira o grupo anunciou que será de oposição.

"Definitivamente, não somos uma bancada governista", disse o parlamentar Waldemar Cerrón, líder da bancada e irmão do líder do partido, Vladimir Cerrón.

Como expressão dessa nova posição, o parlamentar antecipou que a bancada votará a favor da censura ao ministro do Interior, Dimitri Senmache.

Ele argumentou que o Peru Livre atuará como uma "oposição propositiva", ao contrário da "oposição obstrucionista" dos partidos de direita que dominam o Congresso. "Não seremos uma bancada que estará se opondo por se opor", disse Cerrón.

O anúncio amplia a distância que separa o Peru Livre de Castillo, que se aprofundou na última terça-feira, depois que o partido lhe pediu que renunciasse "irrevogavelmente" à sua militância, sob a ameaça de expulsá-lo.

O presidente peruano não respondeu ontem se irá deixar o partido e indicou que sua decisão seria anunciada "nas próximas horas".

Comissão investiga o presidente

O conflito entre o Peru Livre e Castillo ocorre quando uma comissão do Congresso que investiga o presidente por corrupção irá recomendar uma acusação constitucional contra ele, o que pode acarretar um pedido de destituição do cargo, que ocupa há 11 meses.

Castillo, um professor rural de 52 anos, foi candidato presidencial pelo Peru Livre, partido ao qual chegou como "candidato convidado" em setembro de 2020.

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