Veja quais países discutem se 'big techs' devem pagar por notícias exibidas no seu feed


Veja quais países discutem se 'big techs' devem pagar por notícias exibidas no seu feed
Austrália foi o primeiro país do mundo a discutir e aprovar a medida. No Brasil, PL das Fake News prevê que gigantes da tecnologia paguem por conteúdos jornalísticos que são compartilhados nas redes. Whatsapp, Facebook e Instagram

ARUN SANKAR / AFP

O texto do PL das Fake News foi protocolado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) na noite desta quinta-feira (27). Entre os tópicos apresentados, o projeto prevê que as plataformas digitais paguem pelos conteúdos produzidos por empresas jornalísticas que são compartilhados nas redes sociais.

Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) e Alphabet (controladora do Google), que fazem parte do bloco de "big techs", são contra. TikTok e Twitter também se mostram descontentes com o texto.

Países que apoiam a medida defendem a valorização do jornalismo profissional, que vem sendo um instrumento de combate às notícias falsas que circulam nas redes sociais.

A proposta não está sendo discutida apenas no Brasil. Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Indonésia se mostram a favor da remuneração:

Austrália

A Austrália foi o primeiro país do mundo a forçar as "Big Techs" a pagarem pelo conteúdo jornalístico que é compartilhado em suas plataformas. A lei foi aprovada em 2021 e, naquele ano, os veículos de comunicação faturaram US$ 200 milhões com a decisão, segundo o jornal "Financial Times".

A medida gerou resistência das companhias de tecnologia, especialmente Meta e Alphabet. Em resposta, a empresa de Mark Zuckerberg chegou a bloquear compartilhamento e visualização de notícias por lá.

O Google ameaçou bloquear o buscador no país, mas voltou atrás, anunciando acordos com a mídia australiana.

Canadá

No Canadá, tramita o projeto de lei "Online News Act" ("Lei de notícias on-line", em tradução livre) que também obriga Alphabet e Meta a firmarem acordos com veículos para o financiamento de matérias compartilhadas nas plataformas.

Desde 2008, mais de 450 sites de notícias fecharam no Canadá, enquanto as gigantes da tecnologia vêm ganhando mais espaço, o que também motivou a criação da lei, segundo a agência France Presse.

"Elas [as empresas de mídia social] podem desempenhar um papel importante no apoio à produção de notícias e informações confiáveis", afirma o parlamento canadense.

No início do ano, o Google começou a bloquear o acesso a alguns sites de notícias no país como parte de um teste caso o projeto seja aprovado.

Nova Zelândia

Em dezembro de 2022, a Nova Zelândia anunciou que irá colocar em pauta a discussão, dizendo, ainda, que vai se basear nas propostas da Austrália e do Canadá.

"Não é justo que grandes plataformas digitais como Google e Meta hospedem e compartilhem notícias locais de graça. Custa produzir as notícias e é justo que paguem", disse o ministro das comunicações do país, Willie Jackson.

O parlamento da Nova Zelândia tem o Partido Trabalhista como maioria, o que deve favorecer a aprovação da lei, de acordo com a agência Reuters. A votação deve ocorrer este ano, segundo o jornal The Wall Street Journal.

Indonésia

A Indonésia também vem se inspirando na Austrália e espera, ainda neste primeiro semestre, aprovar a legislação que financia veículos jornalísticos, segundo a agência Reuters.

"Esperamos que a nova lei nivele o campo de jogo entre mídia e empresas de tecnologia em termos de fornecimento de conteúdo e geração de lucro, disse o membro do Conselho de Imprensa da Indonésia, Arif Zulkifli.

A lei proposta estabelece que o conselho de imprensa da Indonésia poderá determinar os preços cobrados e atuar como "mediador" em caso de conflitos.

O que dizem as plataformas sobre o PL

Em nota, a Meta, dona do Facebook, disse que não permite atividades fraudulentas, e que é preciso um debate amplo para garantir uma lei que melhore, e não piore a internet.

E em uma carta aberta, o Google disse que trabalha diariamente para enfrentar essas questões, mas que o projeto de lei pode trazer riscos à segurança dos usuários, e merece mais espaço de discussão e debate.

Na semana passada, um conjunto de associações que representam empresas de jornalismo divulgou um manifesto em que defendeu o PL das Fake News. Segundo as empresas, o projeto é necessário "diante dos efeitos dramáticos da desinformação e do discurso de ódio" na sociedade.

Afirmou ainda que a valorização do jornalismo profissional serve como "antídoto a essa epidemia social".

"Como já ocorre em outros países, a remuneração da atividade jornalística por plataformas de tecnologia pode ser um elemento decisivo para a formação de um ecossistema jornalístico amplo, diverso e saudável, capaz de se opor à difusão da desinformação e dos discursos de ódio", afirmam as empresas no manifesto.

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