Candidata equatoriana é baleada durante ataque não esclarecido

Um dia após o assassinato do jornalista e presidenciável Fernando Villavicencio sacudir o Equador, levando o governo nacional a decretar estado de exceção em todo país, uma candidata a deputada foi alvo da ação de criminosos ainda não identificados.

Candidata equatoriana é baleada durante ataque não esclarecido

A professora de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Maria Villarreal, concede entrevista à Agência Brasil. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

"O que aconteceu é que o Equador teve uma estratégia, uma política, de segurança pública de muito sucesso, o que fez com que o país fosse considerado uma ilha de paz e, até 2017, o segundo país mais seguro da América Latina", afirmou Maria Villarreal, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).

"Infelizmente, esta política foi completamente desestruturada; o investimento em segurança pública caiu muito nos últimos governos e isso tem provocado um contexto de crise no setor, com a falta de respostas adequadas. Isso em um cenário em que as redes do crime organizado estão muito fortalecidas", acrescentou a professora, explicando que, atualmente, há diversas organizações criminosas multinacionais atuando em território equatoriano, incluindo facções mexicanas e albanesas.

"Com isso, o Equador, que, historicamente, era um país de trânsito das drogas, tornou-se um país de distribuição, armazenamento e negociação de drogas."

"Há cartéis mexicanos, sendo o maior deles o Sinaloa, operando no Equador, onde criaram redes e conexões para exportar a cocaína para os Estados Unidos e para a Europa, que são os dois maiores mercados consumidores", comentou a professora Flávia Loss de Araújo, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Para ela, o assassinato de Villavicencio e o ataque a outros candidatos equatorianos é consequência de uma soma de fatores. "Quem sai perdendo deste episódio é a democracia equatoriana, já muito fragilizada. Bem como toda a situação político e econômica do país."