"Eu já tinha aceitado a morte", diz amigo de brasileiro assassinado durante ataque em Israel

O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte do brasileiro Ranani Glazer durante um ataque do Hamas a uma festa rave que acontecia em Israel.

Foto: Reprodução internet

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O Ministério das Relações Exteriores confirmou a morte do brasileiro Ranani Glazer durante um ataque do Hamas a uma festa rave que acontecia em Israel. Ele estava acompanhado da namorada, Rafaela Treistman, e do amigo Rafael Zimerman no momento do ataque. Nascido no Rio Grande do Sul, Ranani morava em Tel Aviv há sete anos, tendo cidadania israelense e chegando até a servir ao Exército do país. Ele foi ao festival Universo Paralelo, realizado em um espaço aberto no deserto de Negev, próximo à Faixa de Gaza. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan News, Zimerman contou detalhes do episódio e de como sobreviveu ao ataque. Segundo ele, ao perceber os mísseis, a festa emitiu alerta vermelho e ele encontrou os amigos para procurar um bunker. Com a ajuda de um casal, eles chegaram à instalação sendo algundos primeiros a entrar e acreditando estarem seguros. No entanto, a situação piorou nos momentos seguintes. “Foi quando o inferno realmente começou. […] A gente estava aguardando oque ia acontecer. Foi quando eu comecei a ouvir tiro, bem na parede do bunker. Tiro e zunido de granada. Estava tudo acontecendo. Começamos a ouvir troca de tiros entre os policiais e os terroristas. Todo mundo apreensivo e abaixado. Eu consegui ouvir tudo que a policial falava”, contou Zimerman, que revelou ter ouvido a agente de segurança sendo morta pelos terroristas.

De acordo com o brasileiro, os abrigados no bunker entraram em desespero com os tiroteios e o avanço das tropas de Hamas. “O desespero foi geral dentro do bunker porque a gente sabia que ia morrer. Não tinha mais defesa, ela estava lá morta. Foi quando eles jogaram uma fumaça dentro do bunker para a gente morrer sufocada. Em 30 segundos, estava tudo preto, eu perdi o ar”, revelou Zimerman, que continuou: “Eu já tinha aceitado a morte. Eu só queria morrer em paz, que acabasse logo. Depois de desmaiar eu acordei entre os corpos, me esparramei pra cima dos corpos. Só queria que atirassem logo em mim, não queria ser pego por eles”. “Esses animais não são pessoas, eles preferem a morte”, continuou o sobrevivente, se referindo aos combatentes.

Ainda segundo Zimerman, quando ele deixou o bunker, encontrou policiais israelenses que estavam fazendo a segurança do local. Momentos depois, viu Rafaela deixar a instalação, com mais alguns sobreviventes. Em texto publicado em suas redes sociais nesta terça-feira, 10, a namorada de Ranani lamentou a morte do companheiro e disse que ele salvou a vida dela. “Meu anjo, eu te agradeço tanto pelo carinho, por me fazer sentir feliz, por cuidar de mim, por me proteger. Até quando estávamos prestes a morrer você não falhou em me acolher, em me acalmar. Eu devo a você a minha vida, você salvou a minha. Se tem um herói nessa história toda, esse herói é você, meu amor”, escreveu. Mais de 260 pessoas foram mortas na festa e um número desconhecido de reféns foram capturados pelos palestinos. A brasileira Bruna Valeanu também teve a morte confirmada nesta terça. A brasileira com dupla nacionalidade Karla Stelzer continua desaparecida.

Confira a entrevista na íntegra: