'Não há ajuda financeira no Brasil': duas famílias em lista de repatriados desistem de deixar o sul de Gaza

.

'Não há ajuda financeira no Brasil': duas famílias em lista de repatriados desistem de deixar o sul de Gaza
Brasileiros e familiares afirmam que não terão dinheiro para se manterem no Brasil até conflito acabar. Representação diplomática informou à GloboNews que está analisando o caso e verificando opções de acolhimento em SP. Escombros de um prédio após um ataque israelense em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 17 de outubro de 2023

Mahmud HAMS / AFP

A Embaixada do Brasil na Palestina confirmou nesta terça-feira (17) que mais dois brasileiros desistiram de deixar a Faixa de Gaza e seguirem com o grupo de repatriados para o Brasil. Desde o início dos conflitos entre Israel e o grupo de extremista Hamas, outra família composta por seis pessoas também decidiu continuar em território palestino e não cruzar a fronteira com o Egito.

A GloboNews conversou com um desses grupos - um casal e 4 filhos - entre 11 e 18 anos. Com cidadania do Brasil, a família palestina que está em Rafah, no sul de Gaza, disse temer vir ao país por razões financeiras. Mohammad Farahat, o pai e o único sem cidadania brasileira, afirmou que a decisão foi tomada porque o apoio financeiro do Brasil cobre apenas o translado até o país. Se forem repatriados, precisarão arcar sozinhos com os demais custos, o que os preocupa.

"Não há ajuda financeira. Eu perguntei ao embaixador [Alessandro Candeas, representante do Brasil na Palestina] para tentar ajudar a cobrir o custo do período de hospedagem no Brasil, assim como o custo de retornar à Gaza, porque, você sabe, Gaza, assim como a Palestina, é nossa casa. E assim que a situação normalizar, precisamos voltar para casa", relatou Farahat.

Leia mais

O que é a passagem de Rafah, onde brasileiros aguardam permissão para deixar Gaza

Vinte e seis brasileiros dependem da autorização do Egito para sair de Gaza

Segundo o embaixador, a representação diplomática está verificando opções de acolhimento em São Paulo e trabalhando na questão. Mohammad Farahat afirma que, caso tenham uma resposta positiva, poderão mudar de decisão e se juntar ao grupo que viajará ao Brasil.

Enquanto isso, a família está na casa de parentes, tentando ao máximo de proteger dos bombadeiros que não cessam. "As pessoas aqui começaram pela segurança, pela casa. Então todas as pessoas aqui pensam como garantir segurança, depois podem procurar por comida, água, etc", completou.

Até o momento, 26 pessoas estão na lista de repatriação: 17 brasileiros, sete palestinos portadores de Carteira de Registro Nacional Migratório (RNM) e dois palestinos, alocados em casas nas cidades de Khan Younes e Rafah. A maior parte do grupo é formada por crianças e mulheres. Eles aguardam a liberação da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, para serem levados até um aeroporto e retornarem ao Brasil.