'Fala forte de um homem fraco em uma instituição desprestigiada', diz Marcelo Lins sobre discurso de Guterres na ONU

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Foto: Reprodução internet

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Para comentarista da GloboNews, a ONU tem funcionado apenas em situações que não envolvam disputas políticas envolvendo os países que possuem o poder de veto, como os EUA. António Guterres, secretário-geral da ONU

GloboNews/Reprodução

António Guterres, secretário-geral da ONU, disse nesta terça-feira (24), durante reunião do Conselho de Segurança da entidade que está preocupado com as claras violações do direito humanitário internacional testemunhado em Gaza e citou a morte de cerca de 35 funcionários da ONU no conflito entre Israel e Hamas.

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Para o comentarista da GloboNews Marcelo Lins a fala de Guterres, apesar de forte, pode não ter muito resultado prático.

"É uma fala forte de um homem fraco em uma instituição desprestigiada, mas não somente por erros das burocracias, mas porque seguidas vezes nos últimos anos tem sido ignorada principalmente por aqueles países que tem mais poder dentro dela, por conta do que, cada vez vai ficando mais claro, é um erro na estrutura das Nações Unidas", diz Lins.

Segundo Marcelo Lins, a partir do momento que se criou uma estrutura na ONU onde potências tinham direito de vetar decisões, mesmo que tomadas em consenso, a função do órgão acaba se tornando pouco operante.

Marcelo Lins, comentarista da GloboNews

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"Ela (ONU) funciona muito quando se trata de questões que não envolvam maiores disputas políticas, por exemplo, nos programas do Unicef, Unesco e até mesmo o Programa Mundial de Alimentos, eventualmente ajudas ligadas a FAO, Organização para Agricultura... Agora, nas questões mais delicadas que necessitam de um posicionamento mais claro da comunidade em defesa da humanidade, notadamente evitar guerras ou o aprofundamento de guerras, fazer responsáveis aqueles que começam um conflito ou que levam adiante esse conflito, a ONU tem sido inoperante", continua Marcelo Lins.

O comentarista cita as decisões unilaterais tomadas pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de Setembro e contradições vindas das Nações Unidas, como demonstrar preocupação com a situação humanitária em Gaza e, ao mesmo tempo, não propor um cessar-fogo imediato.

"É óbvio que não dá para não condenar o terror bárbaro do Hamas. Isso é incompatível com qualquer ideia de negociação, ainda mais que o Hamas tem na sua carta fundadora a destruição do Estado de Israel. Mas daí a imaginar que vale a pena pagar esse preço humanitário que estamos pagando, estamos testemunhando, aí cabe uma discussão", conclui o comentarista.